| 03/03/2008 16h15min
Ao terminar em quinto lugar no solo nos Jogos Olímpicos de Atenas, em 2004, Daiane dos Santos reconheceu que perdeu para ela mesma na decisão. Quatro anos depois, sem o rótulo de favorita, a gaúcha treina forte para se superar e chegar a Pequim com chances de medalha. Cortada da disputa no solo no último Pan por conta de uma lesão no tornozelo esquerdo, a atleta, de 25 anos, está recuperada do problema e diz que sua experiência pode ser um diferencial nesta Olimpíada:
– Quando tu és mais novo, tem uma ansiedade maior, e quando tu és mais velho, tem um ganho de experiência. Isso faz com que tu te controles mais. Em Atenas, eu estava muito ansiosa pela competição, por
ser Olimpíada, por querer muito competir e isso acabou me atrapalhando
um pouco sim. Agora, estou mais experiente – afirmou.
Daiane tem realizado um trabalho especial para recuperar mais rápido a musculatura. Sobre os problemas com lesões, a ginasta comentou a declaração do técnico Oleg Ostapenko após o Mundial de Stuttgart, em setembro de 2007. Naquela ocasião, o treinador teria dito que a atleta não conseguiria mais competir em alto nível, por conta dos problemas físicos. A gaúcha afirma que o ucraniano foi mal-interpretado e na verdade estava se referindo às condições dela naquela disputa:
– Cada pessoa tem que saber o seu potencial. Se eu não acreditasse no meu potencial, acho que não estaria aqui agora. Já
tinha largado tudo. Lesão faz parte de qualquer atleta, um atleta novo ou um atleta
mais velho pode ter a lesão. Vai da gente querer superar isso – salientou.
Ninguém conhece tão bem o potencial de Daiane como Adriana Alves. A técnica da ginasta no Grêmio Náutico União de 1995 a 2005 diz que o desempenho da atleta em Pequim dependerá de como ela está encarando o processo de recuperação.
– A lesão já está curada, mas o retorno ao treinamento é gradual, porque ela passou por cirurgia. Ela não tem mais a idade de uma ginasta, por exemplo, como a Jade, que está no ápice da carreira. A Daiane já está com uma idade um pouquinho avançada em relação às atletas que venham a disputar medalha. Tudo vai depender muito de como ela está encarando este período – comentou.
Para Adriana, será difícil para a gaúcha subir no pódio na China, uma vez que as atletas locais chegarão com força:
– O foco dela não deve ser em medalha, mas sim em se superar a ponto de conseguir fazer a série com a qualidade que ela
fazia antes. A medalha na verdade é conseqüência
de um trabalho. E uma medalha olímpica, principalmente na China, que eles devem vir com tudo, é complicado – salientou.
Principais adversárias no solo
A primeira competição de Daiane em 2008 deve ser a etapa da Copa do Mundo de Cottbus, na Alemanha, de 9 a 13 de abril. A atleta diz que somente nesta competição poderá avaliar melhor suas adversárias. A atual campeã do mundo no solo, a norte-americana Shawn Johnson, é uma das favoritas para Pequim. Outra aposta é a chinesa Cheng Fei.
– Pode ser que tenha surgido uma menina nova, que nem a Shawn surgiu no ano passado, era uma atleta que era juvenil, 2007 foi o primeiro ano de adulto dela e ela veio super bem (a atleta tem 16 anos). Mas acho que todas as meninas que estarão lá na competição terão as mesmas chances – salientou.
Daiane, que tem competido com Isto aqui, o que é?, de Ary Barroso, pode mudar de
música e coreografia para a Olimpíada, mas nada está definido ainda.
Otimista, a atleta garante que dará seu máximo nesses cinco meses para chegar a Pequim com chances de conquistar um feito inédito para ginástica brasileira: uma medalha olímpica.
– Meu foco agora está todo voltado para Pequim. Não estou nem estudando nesse semestre para fazer outras coisas para melhorar ainda mais o meu rendimento no ginásio. As pessoas podem esperar de mim isso, um empenho de corpo e alma para estar bem em Pequim, para entrar na final e se Deus quiser, trazer uma medalha – destacou.
A confirmação da seleção para os Jogos deve ocorrer em julho. Neste mês, a equipe embarca para um amistoso na Itália contra as atletas da casa e da Romênia. Essa será a preparação final para Pequim.
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