| 06/03/2008 18h02min
O embaixador da Espanha no Brasil, Ricardo Peidró, disse hoje ao Ministério das Relações Exteriores que os brasileiros recentemente retidos no aeroporto de Barajas não preenchiam os requisitos da União Européia (UE) para entrar em nações do bloco.
Peidró foi convocado pelo Ministério das Relações Exteriores para discutir a situação de cidadãos brasileiros proibidos de entrar na Espanha, que, segundo uma nota oficial divulgada hoje, "causou profundo desagrado" ao ministro Celso Amorim.
O embaixador afirmou que o "espírito" da reunião que manteve hoje com o vice-chanceler, Samuel Pinheiro, foi "enormemente amistoso, como corresponde ao nível das atuais relações" entre Brasil e Espanha.
— Coincidimos que é preciso evitar que estes temas perturbem a densidade e a fluência das relações em todos os âmbitos — entre os quais ele citou os políticos, comerciais e culturais, entre outros.
O diplomata destacou que em três recentes casos de
estudantes que foram impedidos de entrar na
Espanha a única coincidência é que "não cumpriam os requisitos pedidos não pela Espanha, mas pela União Européia" para a entrada de cidadãos extracomunitários.
As condições, disse Peidró, "são bem conhecidas e basicamente se trata de a pessoa que entrar no país possa registrar seus meios de subsistência, o tempo e objetivo de sua estadia":
— O país de entrada (do bloco) deve fazer respeitar as normativas e está é uma primeira porta na qual se exerce um crivo aleatório, não sistemático, porque senão os aeroportos entrariam em colapso.
Peidró destacou que viajam à Espanha ao ano cerca de 250 mil brasileiros e que a média de pessoas rejeitadas se situa em torno de uma em cada cem.
— Quando há uma negação de entrada, se traduz em uma saída — indicou.
No caso do Brasil, afirmou, as rejeições são muitas por sua própria "dimensão demográfica", e porque para os brasileiros a Espanha é o segundo destino turístico e
também o segundo destino para estudos de pós-graduação, depois
dos Estados Unidos.
Após a reunião com o vice-chanceler brasileiro, o embaixador disse que tentará reforçar a divulgação já existente dos requisitos necessários para entrar no país europeu, com o objetivo de "minimizar estes incidentes, que são lamentáveis, mas não constantes", apontou.
O comunicado divulgado hoje pelo Ministério das Relações Exteriores indica que Amorim tinha manifestado "há poucas semanas" ao ministro de Exteriores espanhol, Miguel Ángel Moratinos, a "insatisfação" do governo federal com a "repetição de tais medidas restritivas".
A nota acrescenta que o Brasil "está examinando a adoção de medidas apropriadas em resposta ao ocorrido, levando em conta, inclusive, o princípio de reciprocidade".
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