| 18/03/2008 19h34min
Uma eventual desaceleração da economia americana, maior consumidora de petróleo do mundo, por um período de dois trimestres, certamente afetará o mercado de petróleo, afirmou nesta terça-feira, no Rio de Janeiro, o presidente da Petrobrás, José Sérgio Gabrielli.
Ele destacou, entretanto, que "isso depende do que vai acontecer com a economia real" dos Estados Unidos.
Gabrielli previu, ainda, que a demanda poderá cair, embora não se tenha uma visão tão clara do comportamento do mercado depois do que definiu como "agudização" da crise — marcada pela venda esta semana do banco de investimento Bear Stearns ao JP Morgan Chase por um preço equivalente a 7% do seu valor de mercado.
Em entrevista, no 4º Fórum de Óleo e Gás, promovido pelo Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças (IBEF/RJ), Gabrielli analisou que essa nova crise pode levar a um problema de ajuste de "portfólio" dos investidores, com possíveis repercussões sobre o consumidor e a
economia real.
Crise não
deve afetar preço da gasolina no Brasil
O presidente da Petrobrás esclareceu que, no entanto, a crise americana não afetará os preços da gasolina no Brasil.
— Não é por um cenário de instabilidade que a gente vai alterar o preço no Brasil. Se alterar o preço da gasolina no Brasil, é por outras razões — afirmou.
Ele lembrou que há uma crise financeira derivada do sub-prime (mercado hipotecário de alto risco) e da taxa de juros muito baixa nos Estados Unidos, o que provocaria uma busca por retorno dos capitais líquidos financeiros.
— Então, você tem hoje, claramente, um aumento muito grande de contratos não comerciais no mercado futuro (de petróleo). Você tem um volume de contratos que não se realiza fisicamente. Só se realiza na troca por outros contratos e é puramente um movimento financeiro — disse.
Baseado numa análise da curva do mercado futuro de preço do petróleo, Gabrielli previu que pode
haver mesmo uma queda nos preços ou, pelo menos, uma oscilação
constante.
Ele ressaltou que, hoje, o crescimento da oferta e da capacidade produtiva é compatível com o aumento da demanda prevista. E, como oferta e demanda estariam crescendo à taxa em torno de 2%, isso anularia a expectativa tanto de aumento quanto de queda substantiva de preços.
— E aí você teria uma situação relativamente equilibrada entre oferta e demanda de petróleo — concluiu.
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