O aumento da aversão ao risco nos mercados internacionais, que tem provocado medidas extraordinárias do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), é motivo de comparações com a situação experimentada em 1929, na crise que gerou a Grande Depressão. Analistas em Wall Street citam semelhanças com 1929, dizem que é exagero falar em depressão no estágio atual, mas fazem advertências para evitar que a sensação de "déjà vu" se torne real.
A ênfase dos analistas é que diferenças cruciais podem evitar que os EUA experimentem um resultado semelhante ao de 1929: a atuação recente do Federal Reserve, auxiliada por uma maior participação da administração Bush e o peso dos mercados emergentes no crescimento mundial.
Na percepção dos analistas, os sinais de disposição da autoridade monetária em relação às instituições que sentem a maior fisgada do aperto das condições de crédito ajudam a acreditar que a ameaça de 1929 pode ficar distante. Mas esse quadro, para ficar completo do ponto de vista local, precisa de auxílio do governo federal, destacam os especialistas. O economista-chefe da Moody’s Investors Service, John Lonski, classifica de “excessivas” e “exagero grosseiro” as considerações de que os Estados Unidos estariam à beira de uma depressão econômica semelhante à da crise de 1929. No entanto, adverte que, “na ausência de ação das autoridades (suporte do governo federal), o país pode chegar lá”.
— Há semelhanças com 1929, mas se significa que a reação econômica (do país) será a mesma é uma questão em separado. O setor de imóveis residenciais está em declínio há mais de dois anos e a economia dos EUA continua crescendo — destaca o economista-chefe do
Dresdner Kleinwort, Kevin Logan.
Sobre o sentimento do mercado, o analista concorda que dizer que há uma aura de depressão é demais. Já o economista Robert Mellman, do JP Morgan, recomenda que se faça uma escala para distinguir o sentimento dos participantes do mercado:
— Não há depressão, e sim preocupação.
Agência Estado