| 21/03/2008 16h42min
A China divulgou nesta sexta-feira uma lista dos 21 manifestantes "mais procurados", em que exibe fotos granuladas de pessoas brandindo facas e protestando em Lhasa, capital do Tibete, este mês. Milhares de soldados continuaram revistando áreas tibetanas no Oeste da China para conter os protestos.
A presidente da Câmara dos Deputados dos EUA, Nancy Pelosi, por sua vez, deu seu apoio à causa tibetana ao visitar o Dalai Lama, na Índia, classificando a violência da China como "um desafio à consciência do mundo".
As críticas dela se somaram ao crescente coro internacional em relação à violenta resposta de Pequim aos protestos antigovernamentais no Tibete, enquanto a China busca responsabilizar os partidários do líder espiritual tibetano pelas manifestações que representam o maior desafio ao domínio de Pequim em duas décadas.
Pelosi, que liderou uma delegação de deputados em uma viagem previamente agendada à Índia, foi recebida calorosamente pelo Dalai
Lama, que colocou uma echarpe
amarela sobre seus ombros, conforme o costume budista.
— Se as pessoas que amam a liberdade no mundo não se pronunciarem contra a opressão da China na China e no Tibete, teremos perdido toda a autoridade moral para falar em favor dos direitos humanos em qualquer lugar do mundo — disse Pelosi antes de saudar uma multidão de milhares de pessoas em Dharmsala, na Índia, sede do governo no exílio do Dalai Lama.
Ela pediu uma investigação internacional sobre a violência no Tibete e refutou as alegações da China de que o Dalai Lama está por trás dos protesto.
— Não faz sentido — disse.
A resposta da China às manifestações chamou a atenção do mundo para a questão dos direitos humanos no país, ameaçando a intenção de Pequim de projetar uma imagem de unidade e prosperidade nas vésperas das Olimpíadas que acontecem entre 8 e 24 de agosto.
Entenda a revolta do Tibete contra a China
Nesta sexta-feira, as autoridades chineses intensificaram uma caçada aos suspeitos, divulgando suas fotos, retiradas de câmaras de vídeo e gravações das forças de segurança, em grandes portais na internet.
Mostradas sob o título "Lista de Suspeitos de Crimes do Birô de Segurança Pública de Lhasa", 21 pessoas são acusadas de colocarem a segurança nacional em risco e de atacarem, saquearem e incendiarem.
Um dos suspeitos é mostrado brandindo uma longa espada. Outro é um homem de bigode, que foi mostrado em noticiários
atacando um outro com uma lâmina de uns 30 centímetros.
A agência de notícias oficial Xinhua
disse que dois dos 21 suspeitos já haviam sido detidos e que um terceiro se entregou. As autoridades pediram a ajuda do público, oferecendo recompensa por informação e garantindo o anonimato aos informantes. Até agora, a polícia prendeu 24 pessoas e outras 170 se entregaram, disse a Xinhua.
Os protestos em Lhasa — uma impressionante demonstração de desafio contra 57 anos de domínio chinês sobre o Tibete — desencadeou demonstrações de solidariedade nas províncias vizinhas, levando Pequim a enviar milhares de soldados a uma ampla área do Oeste da China onde vivem mais da metade dos 5,4 milhões de tibetanos.
A mobilização em massa está ajudando as autoridades a retomarem o controle depois das demonstrações ocorridas nas províncias de Sichuan, Qinghai e Gansu, inspiradas pelos monges na capital tibetana na semana passada.
Os residentes de Lhasa disseram nesta sexta-feira que a política ainda patrulha as ruas, mas que as pessoas foram liberadas a irem
aonde quisessem desde que
apresentassem suas carteiras de identidade.
A presidente da Câmara dos Deputados dos EUA, Nancy Pelosi, deu seu apoio à causa tibetana ao visitar Dalai Lama
Foto:
Str, EFE
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