| 25/03/2008 04h49min
Para Fernandão, o treino coletivo da tarde desta segunda-feira contra os juniores, no Beira-Rio, parecia decisão. O capitão gritou, lamentou ao perder uma disputa e marcou um gol, de cabeça. Tudo porque está concentrado para voltar a brilhar. Decidiu até mesmo encerrar o assunto quanto à fase de poucos gols:
— Não vou ficar um mês dizendo a mesma coisa. Eu tenho que jogar bola, mais nada. Só isso.
As palavras vieram em tom de desabafo. Ao final do coletivo, solícito como sempre, o jogador não levantou o tom de voz ou evitou as perguntas sobre as críticas que vem sofrendo. Apenas ressaltou que não tocará mais no assunto.
— Não tem resposta para ninguém. Trabalho para mim. Deixa os "caras" me criticarem. Também não vou pegar meu boné e minha mala e ir embora — disse.
Há uma semana, quando o próprio Fernandão admitiu estar aquém da melhor fase, Abel Braga foi o primeiro a defendê-lo. Valorizou a energia que passa ao grupo. Não
apenas pela liderança, mas também pelo esforço nos
treinos para reverter a situação.
Abel: "Futebol não é só
olhar o movimento da bola"
Abel também destacou a importância tática do seu capitão. Para sustentar sua defesa, lembrou da expulsão do zagueiro Marcelo Guerreiro, da Chapecoense, por atingir Fernandão. Com um jogador a mais, o Inter se classificou em 20 minutos.
— Quem critica, não vê. É difícil ver. Futebol não é só olhar o movimento da bola — condenou o técnico.
Talvez a falta de gols se explique justamente pela mudança de função. No início do ano, quando marcou o primeiro na decisão da Copa Dubai, contra a Inter, de Milão, logo aos dois minutos de jogo, Fernandão atuava no ataque, ao lado de Nilmar.
No Gauchão, sua tarefa em campo mudou. Ele aparece como meia, distribuindo o jogo e abrindo espaços para os companheiros como Alex, Marcão e Guiñazu. Alex, inclusive, virou goleador do time no campeonato e na
temporada.
Em termos físicos, mesmo com a nova responsabilidade, de armar e
criar as jogadas de ataque, o capitão está no mesmo nível dos demais.
— O Fernandão se encontra em um momento bom, mas tende a melhorar — projetou o preparador físico Eduardo Silva.
Fernandão não procura explicações, nem acredita que a fase decisiva do Gauchão seja o momento de provar algo. Garante estar tranqüilo e ciente da sua função em campo.
— Não me preocupo. Tenho de provar para mim mesmo. E antes dos entendedores falarem se eu estou jogando bem ou mal, eu sei se estou jogando bem ou mal — concluiu, sem revelar qual sua avaliação.
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