| 28/03/2008 01h10min
Trauma. Na psiquiatria, uma agressão emocional capaz de desencadear perturbações psíquicas. Para a torcida do Juventude, uma palavra que se materializa em pessimismo a cada confronto contra o Grêmio.
Essa é a impressão que se tem quando o nome do time da Capital é mencionado em uma roda de juventudistas. A estatística explica: a última vitória foi em 2004. Nos últimos 20 jogos, o Ju só ganhou quatro.
— Ih, difícil esse assunto, hein? — responde um torcedor, conversando com amigos no bar do Estádio Alfredo Jaconi.
— Eu não falo — retruca outro, mais ao lado.
Contudo, mesmo que a torcida esteja com mínimas esperanças de vitória no clássico deste sábado contra o tricolor, especialistas apontam que há tratamento para que o Juventude supere qualquer trauma — se é que ele realmente existe — com relação ao Grêmio.
O motivador Evandro Mota, integrante da comissão técnica do Inter quando das conquistas da
Libertadores e do Mundial, afirma que, se houver profissionais
adequados para orientar os jogadores, esses tabus não se transformam em problemas.
— Essa relação entre Juventude e Grêmio é a mesma de Inter contra Juventude. O que eu procurava fazer nessa situação é dizer que, se esse estigma de fato existe, não tem nada a ver com o atual grupo. Isso é coisa da torcida, da imprensa e da história. É por aí a estratégia, tirando o peso do atleta — indica.
Benno Becker Junior, autor do livro Manual de Psicologia do Esporte e Exercício, que norteia essa ciência na América Latina, partilha do mesmo pensamento de Mota. E vai além:
— Esse mito foi valorizado dentro do próprio Juventude. Os jogadores mudam, mas os dirigentes, as cabeças que comandam, não. Eles acabam passando esses tabus nas entrelinhas aos atletas.
Por oito anos diretor da sociedade mundial de psicologia do esporte, entre outros cargos na área no Brasil e América Latina, Becker Junior aponta uma solução bastante objetiva para o
problema que parece perdurar no Jaconi.
— É
tarefa do treinador administrar esses mitos, isolar notícias do vestiário. Tudo depende do técnico, pois é ele quem passa mais tempo com os jogadores. Esse negócio de palestra com gente de fora do clube é uma balela. Eles nem têm contato com os jogadores — opina.
E, quando o time está temporariamente sem o acompanhamento de um técnico, como é o caso atual do Ju? O que fazer? Becker Junior direciona a tarefa para os líderes emergentes entre os jogadores. Coincidentemente, a mesma idéia do novo treinador alviverde.
— É fundamental que o grupo esteja muito motivado a ponto de acreditar, acima de qualquer dificuldade, que tem condições de vencer o adversário — afirmou Zetti, ontem à noite, véspera de se apresentar no Jaconi.
A sintonia entre a teoria dos especialistas e a fala do técnico pode ser sinal de novos ares no Jaconi.
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