| 05/04/2008 05h51min
A escolha de Wellington Monteiro para substituir Edinho, vítima da hepatite, é técnica e politicamente correta. Wellington é do lugar e tem a rotina da função, que também exerce com variações de tamanho no lado do campo. Abel refaz o seu antigo meio-campo, mas agora com um ativador de partículas, que é o Magrão, e um modelo de jogo e time como ainda não tivera. Wellington, que se superou nessa semana do estorvo de uma lesão de tornozelo, pode ajudar Guiñazu a manter a intensidade de movimentação que todos ganharam com ele e, como já fazia na ala-direira, saberá propor ingressos diversificados para preservação do dinamismo do time.
Nunca se elogia bastante os clubes que pensam no futuro e sabem juntar jogadores equivalentes para sustentar a formação básica do time ao longo do ano. O Inter se prepara há meses para as comemorações preliminares dos cem anos do clube, aniversário que começou nesse dia 4 e se confirma plenamente no ano que vem. A formação de um grupo de jogadores é um dos
projetos. Ele
deverá servir nessa circunstância do impedimento de muitos jogadores como um escudo. Não é o mesmo time e pode se ressentir disso, mas é, sem dúvida, o que está mais próxima da naturalidade.
Consolo
O jogo é desigual até pelo escore de onde procede, o 4 a 1 de Canoas. Mas a Ulbra tem um secreto desejo de fazer desse jogo uma recuperação com prêmio bem alto. Se souber vencer, superando seus limites e suas desconformidades, não importa que não tenha forças ou realidade para desalojar o Inter de sua promoção (teria de fazer cinco gols de diferença...), mas terá se habilitado a uma possível progressão de classe, ingressaria na Série C, se é que entendi bem o mecanismo de passagem.
O Inter não tem jogo na quarta-feira, só no próximo fim de semana, assim vai o Gauchão para as semifinais. É um consolo para esse segundo jogo, pode até ser uma tentação de jogar pelo mínimo, mas nada muda muito se o Inter está completando 99 anos, já houve
alvorada e várias revoadas, há jantares
festivos e muita alegria, talvez haja um público grande no Beira-Rio. E, depois de bom tempo de espera cautelosa, Nilmar está no banco, isso é, a um passo do campo e dos gols que acarreta. Tudo isso deixa a Ulbra à deriva, como um coadjuvante das 16h.
O livro
Já existe boa bibliografia nas estantes sobre o Inter, seus feitos recentes, sua histórias, Yokohama e Dubai. O Diogo Olivier, que prepara matéria grande para domingo sobre os Eucaliptos e suas conseqüências, abre Meu Coração É Vermelho, que escrevi com equipe para o 90º aniversário do clube. Leio o prefácio: "Esse livro é uma homenagem e uma navegação. A homenagem é justa, necessária e oportuna - 90 anos de Inter é uma imposição histórica. Mas a navegação foi uma descoberta e, às vezes, um assombro. Navegamos em rio manso, correndo sem pressa na direção do mar. Nem se cogita da embarcação, que era pequena mas apropriada. O mar é que foi um medo e uma resistência reverencial da pequena
tripulação. O mar era um Internacional
imenso logo depois dos pequenos rios de acesso", foi o que escrevi.
É um livro bonito, o canto da Ivete Sangalo foi para a capa, há revelações e reorganização da experiência colorada, que só agora tem um museu e, portanto, uma memória afetiva e documentada, mas já esgotado há anos, não se consegue sequer nos sebos. Uma pena.
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