| 08/04/2008 16h49min
Uma das maiores jogadoras da história do vôlei, a catarinense Ana Moser, expressou sua opinião sobre o pedido de Fernanda Venturini para defender a seleção de vôlei do Brasil nos Jogos de Pequim, em agosto. Para a blumenauense, a história começou errada e agora a equipe nacional vive um dilema.
Jogadora da seleção em três Olimpíadas (Seul-1988, Barcelona-1992 e Atlanta-1996), a ex-atacante se eximiu de manifestar claramente sua opinião, mas não deixou de criticar a forma como o caso está sendo tratado.
— Não quero tirar conclusões precipitadas, pois não sei dos detalhes. Mas acho que a história começou errada. Não concordo com essa postura de discutir questões profissionais pela imprensa, pelo menos não começar usando a imprensa como porta voz de algo que deveria ser discutido direta e pessoalmente — ressaltou Ana.
A ex-ponteira comentou sobre a saia justa em que o treinador Zé Roberto Guimarães e a comissão técnica se encontram, já que Fernanda Venturini é uma das melhores levantadoras da história do voleibol feminino brasileiro.
— A situação do Zé Roberto (e da comissão técnica da seleção também) não é fácil, pois a questão tem tantos lados e de todos o que se vê é chumbo grosso. Já parou para pensar nas conseqüências da escolha que o técnico foi empurrado a fazer: se convocar ou se não convocar viverá com essa sombra até Pequim — analisou a ex- atleta em seu blog.
Ana ainda manifestou preocupação sobre a forma como as outras jogadoras da seleção estão se sentindo a respeito do caso.
— No mínimo, não é justo com a própria seleção que passou os últimos três anos se recuperando da semifinal de Atenas, e agora passa os últimos meses com esse dilema — lembrou Ana Moser, se referindo ao jogo no qual o Brasil vencia a Rússia por 2 sets a 1, tinha 24 a 19 no quarto set, e mesmo assim perdeu a vaga na final olímpica.
A ex-atacante fala com autoridade sobre o caso. Em 1992, ela liderou um boicote ao técnico Wadson Lima que a deixou um ano afastada da seleção, e foi um dos principais pivôs das discussões com a equipe cubana que levaram à pancadaria generalizada que se sucedeu à derrota do Brasil nas semifinais em Atlanta.
Ana Moser também foi uma das poucas atletas a criticar a Confederação Brasileira de Vôlei, principalmente após a contratação de Marco Aurélio Motta, em 2001, para substituir Bernardinho no comando da equipe brasileira feminina.
Fernanda Venturini x Zé Roberto
Após duas aposentadorias declaradas — em 1998 e 2006 — a levantadora de 38 anos solicitou a vaga para atuar pela seleção em Pequim, mesmo após uma série de discussões com Zé Roberto Guimarães.
No começo da relação atleta-treinador, tudo ia bem. Foi com ele que Fernanda retomou a atividade em 2003, após a saída de Marco Aurélio Motta. Contudo, após 2004, Fernanda se envolveu em uma crise com o técnico.
Na época, ele deu a entender que a jogadora seguia as ordens de Bernardinho, seu marido, e não as suas, uma vez que Fernanda mostrava as fitas dos jogos ao marido e treinador. A situação irritou tanto a atleta quanto Bernardinho e, a partir daquele momento, as relações com Zé Roberto foram cortadas.
Venturini fez sua última partida oficial em 2007, pelo time espanhol Murcia. Pela seleção, a levantadora foi tricampeã do Grand Prix (1994, 1996 e 2004), vice do Mundial (1994) e da Copa do Mundo (2003), além de conquistar a medalha de bronze em Atlanta-1996.
Segundo o treinador Zé Roberto Guimarães, a convocação para os Jogos de Pequim só será feita a partir do dia 19 de abril, data de encerramento da Superliga Feminina.
GAZETA PRESS E CLICRBS
Fernanda Venturini se desentendeu com o técnico da seleção na Olimpíada de Atenas (2004)
Foto:
Wander Roberto, COB
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