| 25/04/2008 16h02min
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou nesta sexta-feira que o país produzirá mais trigo para deixar de depender das importações da Argentina, que suspendeu as vendas externas do cereal, uma matéria-prima importante para produtos da cesta básica do Brasil, como o pão.
— Plantaremos mais trigo para não depender tanto da Argentina — afirmou Lula, durante o lançamento de obras orçadas em R$ 216,7 milhões do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) em Campinas (SP).
Na quinta-feira, a Associação Brasileira das Indústrias do Trigo (Abitrigo) anunciou que vai pedir ao Governo a suspensão da Tarifa Externa Comum (TEC) de 10% para a importação de mais de três milhões de toneladas do cereal que seria comprado aos Estados Unidos e Canadá.
O pedido vem após a recusa, por parte da Argentina, de reativar as exportações de trigo para o Brasil e evitar o encarecimento de produtos como o pão. O trigo argentino chega com tarifas mais baratas de
importação porque este país faz parte do
Mercado Comum do Sul (Mercosul), que também tem como membros: Brasil, Uruguai e Paraguai.
O Brasil importa cerca de sete milhões de toneladas de trigo, equivalentes a 70% da demanda interna, enquanto a Argentina produz 15 milhões de toneladas do cereal e consome apenas cinco milhões delas, sendo o maior exportador mundial deste cereal.
Na quarta-feira, representantes do setor e delegados de ambos os Governos estiveram reunidos, sem sucesso, em Buenos Aires, para tentar reativar, a partir de maio, as exportações argentinas de trigo, suspensas desde o ano passado para evitar uma pressão inflacionária no mercado interno argentino.
Uma nova reunião, sem participação de representantes do Governo, foi programada para a primeira quinzena de maio no Brasil. Em Campinas, Lula aludiu à crise de escassez dos alimentos e manifestou que "há mais pobres comendo, graças a Deus".
— Há mais chineses, indianos, africanos e brasileiros comendo e a
produção não cresceu como a demanda —
argumentou.
— Este país, que um dia foi tratado como insignificante, é hoje o maior exportador de carne, de soja, de café e de suco de laranja do mundo. O Brasil é um gigante que despertou para que o mundo o respeite — acrescentou.
Segundo Lula, quando o Brasil começa a ter sucesso no exterior, inicia-se campanha contrária como: o zebu (espécie de gado) brasileiro não é gado, ou o etanol encarece o preço do alimento - o que, de acordo com o presidente, são mentiras sem argumentos.
— A alta nos preços dos alimentos é passageira. Não deve ser vista como uma coisa perigosa. Queremos provar que é possível produzir álcool e biocombustível e produzir alimentos para encher nossa barriga e a de muita gente — afirmou.
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