| 28/04/2008 17h27min
Menos de um mês depois de voltar a estudar, o gaúcho João Souza pode ser obrigado a trancar novamente o curso de Direito que faz na Universidade Federal do Rio Grande do Sul, em Porto Alegre. E tudo por causa da esgrima, esporte que pratica há 15 anos.
É que no último domingo ele garantiu vaga nos Jogos Olímpicos de Pequim ao vencer o Pré-Olímpico Sul-Americano, disputado na cidade de Querétaro, no México. Na final, ele derrotou o argentino Alberto Viaggio e garantiu o direito de disputar sua primeira Olimpíada.
– Eu estou muito feliz com essa classificação. Agora vou treinar ainda mais para tentar um bom resultado em Pequim – diz João, por telefone, do México.
Largar tudo em nome do esporte não seria novidade para esse gaúcho de 24 anos, que treina no Grêmio Náutico União (GNU). Em 2007, ele pediu demissão do estágio em uma empresa de Porto Alegre e trancou a faculdade para se dedicar aos treinamentos para os Jogos Pan-Americanos do Rio de Janeiro.
Mas o esforçou foi recompensado: João conquistou a medalha de bronze no Pan e quebrou um jejum de 32 anos sem medalhas para o Brasil na modalidade. E se tiver de passar por tudo isso de novo, ele não deixa dúvidas de que está disposto a se sacrificar em nome de um bom resultado em Pequim.
– Ainda não fiz um planejamento com o meu técnico (Alexandre Teixeira). Mas vou continuar o trabalho que tem dado certo até aqui. Vamos treinar bastante e com a mesma seriedade de sempre, que estamos no caminho certo – acredita.
Chances de medalha são pequenas
A medalha no Pan tornou o esgrimista um pouco mais conhecido, mas não trouxe junto com ela nenhum patrocínio ou retorno financeiro. No Brasil, não há muitas empresas dispostas a incentivar um esporte com pouco apelo popular e, conseqüentemente, de pouca visibilidade.
– A medalha mostrou que todo o trabalho que eu vinha fazendo tinha condições de dar bons resultados. Isso foi o mais legal. Foi um grande estímulo – diz João, resignado.
Mas apesar disso, João tem conseguido evoluir no esporte graças ao seu esforço pessoal e a boa infra-estrutura oferecida pelo GNU. Além disso, ele passou os três primeiros meses de 2007 treinando na Hungria, em viagem bancada pelo Comitê Olímpico Brasileiro (COB) e pela Confederação Brasileira de Esgrima.
As chances de medalha na China, no entanto, são pequenas. Em Pequim, João terá como adversários os principais esgrimistas da Europa, onde o esporte tem muito mais tradição. Ele destaca os atletas da Itália e da Alemanha como favoritos ao ouro.
– Ganhar uma medalha é difícil, mas vou treinar bastante pra fazer o melhor – garante. – Na Olimpíada são só 24 atletas. Acho que passar da primeira fase e ficar entre os 16 melhores já seria um bom resultado.
Além de João Souza, que compete com a arma florete, apenas mais um esgrimista brasileiro já carimbou o passaporte para Pequim. Trata-se do paulista Renzo Agresta, que treina na Itália. Ele vai disputar sua segunda Olimpíada na categoria sabre.
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