| 28/04/2008 18h53min
Agências internacionais da Organização das Nações Unidas criticam a decisão do Brasil de restringir as exportações de arroz e pedem que todos os canais de exportação no mundo sejam mantidos abertos. A ONU abriu hoje um encontro de emergência de dois dias na Suíça para tentar solucionar a crise da alta nos preços dos alimentos. Entre as sugestões das organizações não-governamentais, a britânica Oxfam pediu o fim da expansão de biocombustíveis nos países ricos, alegando que seria um dos fatores que estaria contribuindo para a alta nos preços.
A crise com a alta de 50% nos alimentos em seis meses obrigou o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, a convocar às pressas todos os principais presidentes e diretores de agências, entre eles o diretor da Organização Mundial do Comércio (OMC), Pascal Lamy, e o presidente do Banco Mundial, Roberto Zoellick.
— O mundo todo nos observa para saber o que irá ocorrer. Precisamos nos esforçar para encontrar uma solução — afirmou Ban.
A idéia da ONU é a
de apresentar amanhã um plano para evitar que a fome se agrave no mundo e permitir que a entidade continue distribuindo alimentos para 77 milhões de pessoas. A estratégia teria duas etapas. A primeira seria a de convencer os governos a manter abertos os canais de exportação. O debate, porém, coloca frente a frente aqueles que defendem medidas protecionistas aos defensores do livre comércio. Ban é um dos que quer o fim de qualquer restrição e defendeu hoje que os canais de distribuição de alimentos estejam funcionando plenamente.
O presidente de uma agência da ONU, o Fundo Internacional para o Desenvolvimento Agrícola (Ifad, na sigla em inglês), Lennart Baage, não poupou críticas ao Brasil e as medidas de restrição às exportações.
— Algumas dessas medidas não apenas contribuem para a instabilidade dos mercados globais como também afetam os preços que os produtores conseguem obter para suas vendas — afirmou.
Em mais de 20 países, medidas foram
tomadas para impedir as exportações de
alimentos, supostamente para garantir o abastecimento interno e reduzindo o preço no mercado doméstico.
Outra polêmica se refere ao papel do etanol. As opiniões sobre o impacto do biocombustível nos alimentos são variadas. Entretanto, para Ban, seria "injusto" acusar o etanol brasileiro de estar causando a alta nos preços por estar roubando terra de outros produtos para se expandir. Para ele, a emergência de uma nova classe média na China, Índia e Brasil que consomem mais alimentos, secas e alta nos preços do petróleo são os reais motivos, além dos especuladores.
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