Único campeão mundial brasileiro a pisar no tatame da etapa de Belo Horizonte da Copa do Mundo de judô, Luciano Corrêa conquistou mais um ouro na carreira graças à sua maior característica: o bom preparo físico, que o permite impor um ritmo intenso e agressivo até os últimos segundos do combate.

Porém, nesta segunda, Luciano contou com uma decisão polêmica da arbitragem para derrotar o compatriota Leonardo Leite. Reserva de Corrêa na seleção nacional, o adversário dominava a luta e chegou a ter vantagem de dois yukos e koka faltando um minuto para o encerramento. Entretanto, não resistiu os ataques do brasiliense, que conseguiu duas punições consecutivas e transformou seu único yuko em um waza-ari, ficando com o título.

Nervoso com a decisão da arbitragem, Leite praticamente recusou-se a lutar os últimos segundos do duelo e saiu da área de luta sem falar com a TV que transmitia a luta. Na semifinal, ele já havia brilhado, derrotando o francês Frederic Demontfaucon, campeão mundial em 2001.

Luciano, por sua vez, se defendeu.

– Na minha opinião, ele deu um falso ataque no final – destaca o campeão mundial. – Sabia que seria uma luta difícil, mas é bom ter um teste deste antes das Olimpíadas – continua.

Além da final verde-amarela no meio-pesado masculino, o Brasil também teve um bom aproveitamento entre as mulheres nesta segunda-feira. A meio-leve Érika Miranda, por exemplo, confirmou a boa fase dando um ippon na peruana Leslie Gimenez com cerca de 1min18s de combate – fulminante, ela não totalizou nem cinco minutos de lutas no torneio.

– Eu vinha me preparando forte e meu maior adversário hoje foram o nervosismo e a ansiedade, mas deu tudo certo. Agora, vou dar tudo de mim até as Olimpíadas – destacou a atleta, única judoca brasileira a ficar no top cinco do Mundial do ano passado.

A ligeiro Sarah Menezes também cumpriu sua parte e ganhou o ouro derrotando a cubana Zaylin Risguet no Golden Score. Ela mostrou boas técnicas de chão em Belo Horizonte.

– O judô não é só técnica em pé. As entradas que os atletas costumam dar de pé tem que se repetir também no chão – analisa Sarah.

Outra contusão

A má notícia do último dia de duelos em Belo Horizonte foi a desistência do pesado João Gabriel Schlittler lutar as finais de sua categoria. Logo no primeiro combate que disputou nesta segunda, ele sofreu uma pequena lesão no joelho direito e foi poupado – o mesmo já havia ocorrido com os campeões mundiais João Derly e Tiago Camilo.

Mesmo assim, seu reserva Walter Santos fez bonito no tatame e chegou à final contra o francês Teddy Riner, atual campeão mundial. O representante verde-amarelo conseguiu levar a luta para o tempo extra, mas sem condições físicas, tomou um waza-ari e teve que se contentar com a medalha de prata.

Desta forma, o Brasil encerra sua participação na etapa de Belo Horizonte da Copa do Mundo com oito medalhas de ouro e seis vice-campeonatos.