| 09/05/2008 15h56min
O Brasil prepara uma autêntica ofensiva diplomática para convencer o mundo das virtudes do etanol feito de cana-de-açúcar, informaram nesta sexta-feira fontes oficiais. O diretor de Energia do Ministério das Relações Exteriores, André Aranha Corrêa do Lago, disse em coletiva de imprensa que o Brasil está convencido de não haver no mundo informação adequada sobre o etanol produzido no Brasil, o qual desvinculou totalmente da atual crise alimentícia. Em sua opinião, há certo grau de "analfabetismo" em relação ao etanol.
— O debate no Brasil está superado — afirmou Lago, que diferenciou o combustível elaborado com cana do produzido com base no milho, cujo maior produtor mundial são os Estados Unidos e que, admitiu, influencia no preço dos alimentos.
Segundo o funcionário, o auge dos biocombustíveis fez com que, em alguns países europeus, setores que poderiam ser prejudicados, entre eles o agrícola, tentem impor barreiras ao produto. Ele considerou inclusive que o debate aberto na União Européia (UE) sobre uma possível imposição de certificações ambientais e sociais ao etanol "pode esconder protecionismo".
Lago ressaltou que o Brasil pretende responder a cada uma das críticas. O etanol de cana deve ser comparado com a gasolina, a fim de que "se compreenda" que é "infinitamente" mais sustentável e seu dano ao meio ambiente é "ínfimo" em relação ao petróleo, assinalou. O diretor também negou que, no caso do Brasil, o plantio de açúcar para a produção de etanol tenha deslocado a fronteira agrícola em direção à Amazônia ou provocado aumentos na taxa de desmatamento.
Quanto ao lado social, Lago admitiu que existem canaviais no Brasil nos quais os operários trabalham em
condições desumanas e similares à escravidão, mas
garantiu que isso acontece "contra" as leis e é combatido com rigor pelo governo.
Negociações
Dentro da ofensiva diplomática para responder a cada uma das críticas, o Brasil está disposto a iniciar negociações com o bloco europeu sobre o assunto, insistiu Lago. O país entende que deverá aceitar as condições que "o cliente imponha", salientou, mas esclareceu que elas deverão estar adequadas aos acordos que existem na Organização Mundial do Comércio (OMC), à qual o governo poderia apelar caso sejam erguidas barreiras comerciais inadequadas.
A ofensiva diplomática brasileira inclui para este ano a Cúpula Mundial de Biocombustíveis, que será realizada entre 17 e 21 de novembro em São Paulo, e à qual foram convidados representantes de vários países. A reunião, conforme o diretor, terá uma fase técnica e outra política, na qual se espera a presença de ministros e de alguns chefes de Estado e de governo.
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