A nadadora Rebeca Gusmão afirmou nesta segunda-feira confiar em sua absolvição das acusações de doping que pesam sobre ela e reforçou o sonho de ainda vestir o uniforme brasileiro para a disputa dos Jogos Olímpicos de Pequim, em agosto. Na última sexta-feira, o Tribunal Arbitral do Esporte (TAS) disse não ter jurisdição para avaliar o caso referente a exame realizado no Troféu Maria Lenk em 2006.

Na ocasião, Rebeca teve resultado positivo para testosterona e desde então contestou os procedimentos adotados pelo laboratório encarregado da análise. Durante a coletiva de imprensa realizada no início desta tarde em Brasília, onde treina, a nadadora falou sobre o apoio que tem recebido e de sua esperança de ainda competir em Pequim. Segundo ela, uma vez na competição, a briga será por medalhas.

– Em nenhum momento perdi a esperança ou o sonho de participar das Olimpíadas. Vou para a competição e vou trazer uma medalha para o Brasil – afirma. O projeto olímpico segue sendo seu grande motivador todos os dias. – Quando caio na piscina, só consigo pensar em Pequim – continua.

Em seu parecer negando a jurisdição, o TAS questiona os procedimentos adotados pela Federação Internacional de Natação (Fina) e pela própria Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos (CBDA).

Segundo o Tribunal, a CBDA optou por não punir Rebeca porque os resultados das análises poderiam ter sofrido “degradação por bactérias”. A Fina, então, pediu a suspensão da atleta por dois anos.

Independente deste caso, Rebeca ainda precisa se livrar de outra acusação de doping, referente a exame realizado em 14 de julho de 2007, durante os Jogos Pan-americanos do Rio. A pedido da própria Fina, a nadadora foi testada e apresentou altos níveis de testosterona. O laboratório responsável pela análise, atestou que a substância tinha origem exógena, ou seja, não produzida pelo organismo.

Por causa desta infração, a nadadora foi suspensa preventivamente pela Federação e teve seus índices olímpicos dos 50m e 100m livre cancelados. Conseqüentemente, os revezamentos dos quais ela participou: 4x100m livre e 4x100m medley, também perderam suas vagas olímpicas.

O doping do Pan deve ser julgado pela Fina nos próximos dias, mas não há prazo para divulgação do resultado. Caso seja considerada inocente, Rebeca recupera as marcas olímpicas e pode realizar o sonho de competir em Pequim. Caso isto realmente aconteça, Rebeca pretende participar apenas dos 50m.

Os problemas da nadadora não são apenas competitivos. Nas amostras referentes ao Pan foram detectados dois DNAs diferentes, indicando mais de um doador o que levou o Ministério Público a indiciar a atleta por falsidade ideológica.

Mas para o advogado da atleta, Breno Tannuri, os procedimentos adotados desde o teste do ano passado desqualificam a própria acusação.

– Até hoje não houve julgamento, possibilidade de defesa nem decisão. Nunca vi tamanho absurdo – conta o advogado.