| 13/05/2008 17h11min
A preocupação com a segurança alimentar deve levar a Áustria a rever sua posição de adicionar mais biocombustível na gasolina e no diesel em 2012. A informação é do secretário de finanças austríaco Christoph Matznetter, que nesta terça-feira visitou o ministro da Fazenda, Guido Mantega. Hoje, na Áustria, o percentual da mistura é de pouco mais a 5% na gasolina comum, mas o país pretendia elevar essa cota para 10%.
— Isso é claro. Nós temos que ter certeza (sobre o impacto) da conversão de gêneros alimentícios em combustíveis em virtude da discussão mundial. Isso deve ser visto como um problema porque existe uma discussão ética voltada para a questão da segurança alimentar — disse.
Segundo ele, a Áustria tem se preocupado mais com o uso dos biocombustíveis de segunda e terceira gerações, obtidos com a reutilização de óleos comestíveis com o emprego de resíduos de plantas e outros resíduos biológicos (biomassa).
Parceria
Matznetter disse, porém, que espera unir
a tecnologia existente no Brasil para a utilização do álcool produzido a partir da cana-de-açúcar com a tecnologia austríaca de produção de biocombustíveis.
— Se combinarmos as tecnologias existentes no Brasil e na Áustria poderemos desenvolver soluções que estejam na ponta da tecnologia mundial — disse.
Matznetter admitiu que as opiniões divergem entre os membros da União Européia, que deve adotar uma posição conjunta, quando se trata de biocombustíveis e produção de alimentos. Mas segundo ele, a opinião pública está convencida que a produção direta de combustíveis não pode ser uma solução de longo prazo.
— Vamos ser honestos. Nós não sabemos se essa cota de 10% de biocombustível na gasolina e no diesel não deve ser revista. Talvez a cota tenha que ser baixada — disse.
Ele disse ainda que reconhece a posição do Brasil de não produzir combustíveis com prejuízos à produção de alimentos, e acredita que a cana-de-açúcar pode ser
"bem usada" para ser exportada tanto no caso do
açúcar e do etanol:
— O Brasil apresenta um desenvolvimento extraordinário no tocante ao aproveitamento de energias primárias que podem ser transformadas em bioenergia: o etanol. Aqui, abrem-se perspectivas para negócios novos e promissores.
Comitiva
O secretário é um dos integrantes da comitiva chefiada pelo chanceler da Áustria, Alfred Gusenbauer, que visita o Brasil. Segundo Matznetter essa é a primeira vez que um chefe de governo austríaco visita o país em 150 anos.
— A visita baseia-se numa amizade pessoal com o presidente Lula. Em 1984, houve o primeiro contato, quando Lula ganhou um prêmio de direitos humanos — informou.
Além do interesse pelos biocombustíveis, os austríacos tem parcerias no Brasil na área de tecnologia de ponta. Na segunda-feira, em São Paulo, foi inaugurada a torre de controle do aeroporto de Congonhas, que foi um projeto em parceria de técnicos da
Áustria com engenheiros de software brasileiros.
Chanceler da Áustria, Alfred Gusenbauer, e o presidente Lula em encontro em Brasília
Foto:
Antônio Cruz, ABr
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