A ex-ministra do Meio Ambiente Marina Silva pediu nesta quinta-feira em entrevista coletiva que o Brasil não tenha retrocessos na área ambiental após a sua saída do cargo. A senadora explicou as razões de seu afastamento. É a primeira vez que falou publicamente sobre o caso. Ela disse ter ficado feliz com a afirmação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de que a política ambiental não vai mudar.

Marina negou que sua saída esteja relacionada à indicação do ministro Mangabeira Unger, secretário especial de Assuntos Estratégicos, para chefiar o  Plano Amazônia Sustentável (PAS). Nos bastidores, comenta-se que esse foi um dos fatores que levou a ministra a sair.

— Não posso dizer que meu gesto foi em função do Mangabeira. Não é uma questão pessoal (..) Percebemos que havia uma estagnação e agora cria-se um novo processo, com um novo ministro— disse ela.

Marina classificou a saída do ministério como "uma decisão difícil".

— Não posso dizer que não é doloroso, mas estou tranqüila quanto à minha decisão — afirmou.

A senadora do Acre será substituída por Carlos Minc, que atuava como secretário de Estado do Ambiente do Rio de Janeiro. 

— Melhor o filho vivo no colo de outro do que tê-lo jazendo no seu próprio colo — disse Marina, que acredita que uma nova articulação política deverá dar continuidade aos projetos iniciados em sua gestão.

— É fundamental que possamos preservar os avanços, é fundamental que não tenhamos retrocessos — acrescentou.

Sucessor

Marina Silva acredita que o novo titular da pasta terá condições de lidar com as diversas questões ambientais do Brasil. Questionada se o fato de o novo ministro não ser da Amazônia seria prejudicial para as ações na região, a senadora afirmou que essa afirmação não é verdadeira:

— Não faria essa simplificação que o ministro não pode contribuir para a Amazônia porque não é da Amazônia. Somos uma equipe. Somos capazes de dar resposta a vários problemas ambientais do Brasil. O conhecimento não está com os homens, mas entre os homens.

A senadora elogiou seu sucessor, a quem chamou de "amigo":

— A escolha de Carlos Minc qualifica esse processo — disse, afirmando que conhece o novo ministro "desde quando ele tinha cabelo".

Leia a cobertura completa da entrevista de Marina Silva na edição desta sexta-feira de Zero Hora