| 04/06/2008 17h33min
Carlos Arthur Nuzman, presidente do Comitê Olímpico Brasileiro (COB), afirmou nesta quarta-feira que a presença do Rio de Janeiro entre as finalistas na disputa para sediar os Jogos de 2016 comprova o reconhecimento da viabilidade da cidade pelo Comitê Olímpico Internacional (COI).
Na coletiva de imprensa realizada em Atenas e transmitida pelo site do Comitê Rio 2016, Nuzman também minimizou o fato de o Rio ter conseguido apenas a quinta melhor nota, ficando atrás de Doha. A capital do Catar só foi eliminada por problemas no calendário proposto ao COI.
— As notas servem apenas para definir as finalistas. A partir daí, elas são zeradas e passam a ser analisados os dossiês de candidatura. Recebemos meras recomendações para elaborar o dossiê — explicou.
Nuzman insistiu que as notas não servem "para qualificar ou classificar os projetos" e lembrou que as cidades que já sediaram os Jogos Olímpicos não conseguiram a melhor nota na primeira
eliminatória.
— Temos orgulho do
trabalho feito e agradecemos a confiança e o reconhecimento do COI, que concluiu que a cidade do Rio de Janeiro é viável para a realização dos Jogos — explicou.
O prefeito do Rio, Cesar Maia, também presente à coletiva, foi outro que minimizou a questão das notas. O governante lembrou que os resultados foram superiores aos projetos de 2004 e 2012, eliminados na primeira eliminatória.
Cesar explicou que as notas obtiveram um acréscimo de 71% em relação à candidatura de 2004 e melhorou 38,7% numa comparação ao projeto para os Jogos de 2012. Além disso, o prefeito afirmou que a última candidatura havia obtido "seis notas abaixo de 6", enquanto o projeto atual recebeu apenas uma.
— Este quadro ascendente foi percebido pelo COI — disse.
Em relação à melhora registrada nas notas, Nuzman afirmou que o Rio aprendeu com os erros das últimas candidaturas.
— Todas as candidaturas e os projetos vencedores possuem pontos
positivos e outros que precisam ser melhorados. Para as
finalistas, é natural que os positivos sejam infinitamente superiores aos outros. A maior prova é a evolução do trabalho feito pelo Rio — disse.
O presidente do COB chamou atenção para as notas recebidas pelas instalações olímpicas cariocas.
— As instalações olímpicas, com nível olímpico, têm notas superiores a Chicago. Parecia difícil acreditar que o Rio poderia ter notas melhores que uma grande e poderosa cidade como Chicago — disse.
Nuzman evitou fazer comparações detalhadas com os dois projetos mal-sucedidos do Rio, alegando que "não se pode comparar duas candidaturas que não tinham prova de resultado".
— O COI precisava comprovar e reconhecer o resultado de um evento como os Jogos Pan-Americanos de 2007 e as ações extraordinárias dos três níveis do Governo na construção de um evento que foi reconhecido como um dos maiores da história do esporte — disse.
A sintonia entre Prefeitura e Governos estadual e
federal foi lembrada na coletiva. O ministro dos Esportes,
Orlando Silva, disse que "os três níveis de Governo tocarão por música" e que a organização do projeto para 2016 será marcada "pelo profissionalismo, transparência e planejamento consistente".
Em relação à segurança, Nuzman lembrou que o Rio chegou a obter uma nota 7 no quesito e que isso se deve ao "trabalho extraordinário feito para o Pan, ao trabalho unificado de todos os setores policiais. Isso mostra que o caminho seguido é aprovado pelo COI".
— Obter uma nota 7 em segurança no mundo de hoje merece aplausos — disse.
Perguntado sobre o diferencial do Rio de Janeiro em relação a Tóquio, Madri e Chicago, Nuzman recorreu à juventude.
— O Movimento Olímpico tem foco na universalidade dos povos. A ONU usa a expressão 'youth of the world' (jovens do mundo, em tradução livre). Essa juventude passa por todos os continentes — explicou.
Carlos Osório, secretário-geral do COB, afirmou que o projeto prevê gastos de
US$ 42 milhões e que 56% das instalações já estão prontas.
Cesar Maia lembrou que estes recursos "têm respaldo e foram considerados factíveis pelo COI"
Em relação à infra-estrutura da cidade, o governador Sergio Cabral afirmou que o Rio "tem todas as condições nas áreas de transporte, trens urbanos, acesso viário, área portuária e na questão ambiental".
— Estamos prontos para o desafio — disse o governador, que também disse que o Rio "tem uma carteira de investimentos para os próximos três anos de US$ 20 bilhões".
Cabral lembrou a candidatura de Atenas para os Jogos de 2004, que "investiu profundamente em infra-estrutura e enfrentava condições desafiadoras". Já o prefeito disse que o "COI avaliou positivamente o gerenciamento do trânsito" e afirmou que o "desafio é melhorar o metrô e o acesso à Barra da Tijuca".
No final da entrevista, Cesar Maia fez um agradecimento a João Havelange, ex-presidente da Fifa.
— Agradeço a João Havelange, nosso orientador, coordenador e
inspirador. Dedico esta vitória a ele — concluiu.
Comitê Rio 2006, liderado pelo presidente do COB, Carlos Arthur Nuzman, comemora a decisão
Foto:
Paris Sarrikostas, AP
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