| 26/01/2003 21h37min
O presidente venezuelano, Hugo Chávez, não era convidado oficial do Fórum Social Mundial, mas na passagem neste domingo, dia 26, por Porto Alegre acabou roubando a cena no evento. Durante as primeiras 10 horas em que permaneceu na Capital, o presidente reuniu em torno de si a atenção das maiores estrelas do Fórum, foi aplaudido pelo povo por onde passava e conseguiu dar ao mundo seu recado sobre a crise que vem enfrentando:
– Na Venezuela não há greve. O que existe é uma sabotagem.
Desde o desembarque, às 11h, no terminal antigo do Aeroporto Salgado Filho, até o último compromisso da noite, uma solenidade de apoio na Assembléia Legislativa promovido pelo recém-criado Comitê brasileiro de Apoio ao Povo Venezuelano, manteve a retórica inabalável. Negou que tenha vindo buscar apoio, e brincou com a confusão que se criava em torno dele.
Quando chegou ao Palácio Piratini para se reunir com o governador Germano Rigotto, por volta das 17h, centenas de pessoas o esperavam. Chávez foi atender à multidão, e apareceu ao lado do governador em uma das janelas do palácio. Ao mencionar o nome de Rigotto, seus ouvintes responderam com vaias, por cerca de de um minuto – tempo em Chávez permaneceu calado, constrangido.
O presidente venezuelano pouco disse de novidade além do que já vem repetindo sobre a crise no país. Criticou o Fundo Monetário Internacional (FMI) e citou o amigo cubano, Fidel Castro, ao dizer que "a dívida externa de seu país é imoral". Aproveitou a brecha para voltar falar da criação de um Fundo Monetário Latino-Americano, assim como da Petroamerica, uma espécie de Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) latino-americana.
Chávez também disse que, para conter os prejuízos causados pela greve, adotou, na madrugada de sábado, pouco antes de vir a Porto Alegre, medidas para controle de divisas e de preços, que devem vigorar por pelo menos uma semana. Otimista, disse acreditar que até o final do primeiro trimestre a estatal de petróleo venezuelana, a PDVSA, consiga retomar a produção de combustível normalmente. Apesar disso, não descartou a possibilidade de solicitar ajuda técnica à Petrobras – até agora, 3,4 mil gerentes da empresa estatal venezuelana foram demitidos pelo governo por causa da paralisação iniciada em 2 de dezembro. Não esqueceu de agradecer a ajuda do Grupo de Amigos da Venezuela, liderado pelo Brasil, mas foi enfático:
– O apoio para estabelecer um diálogo é bem-vindo. Mas, no final, as decisões do país cabem aos venezuelanos.
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