Depois de 41 anos, Eurico Miranda deixará o Vasco da Gama. Nas eleições realizadas na noite de ontem, na sede da Lagoa, na zona sul do Rio de Janeiro, a chapa da situação liderada por Amadeu Pinto da Rocha - e apoiada por Eurico - foi derrotada por Roberto Dinamite, que obteve 140 votos, contra 103 da perdedora. O maior artilheiro da história do Vasco vai comandar o clube por três anos a partir do dia 1º de julho.

A eleição foi tumultuada, e por volta das 23h40min a sessão foi paralisada devido a uma discussão sobre quais sócios beneméritos teriam direito a voto. Roberto Dinamite e Eurico Miranda chegaram a bater boca quando o candidato vencedor pediu ao presidente da assembléia Olavo Monteiro de Carvalho para chamar a polícia.

História do dirigente começou no Vasco em 1967

A trajetória de Eurico Miranda no Vasco começou em 1967. Com 21 anos assumiu o cargo de diretor de cadastro. Formado em fisioterapia e direito, não seguiu nenhuma das duas profissões, principalmente por participar ativamente das discussões no clube. Em 1969, o dirigente foi nomeado vice de patrimônio do então presidente Reinaldo de Matos Reis, que estava para ter o seu mandato cassado. No dia da reunião, a falta de energia adiou a votação. Em uma foto publicada nos jornais daquele ano, o jovem Eurico aparecia com a mão no interruptor, acabando com a assembléia.

Em 1979, Eurico ajudou a formar a chapa "União Vascaína". No ano seguinte, Alberto Pires Ribeiro foi eleito presidente do Vasco e Eurico se transformou em assessor especial. Já em 1980, foi um dos responsáveis por repatriar Roberto Dinamite, seu ferrenho opositor nas últimas eleições do clube. Em 1983, Eurico se candidatou à presidência do Vasco e foi derrotado, mas três anos mais tarde foi convidado para assumir à vice-presidência de futebol. No cargo,  foi responsável pela venda de Romário ao PSV Eindhoven (1988) e pela contratação de Bebeto ao Flamengo, em 1989.

No primeiro ano da década de 90, Eurico se candidatou à deputado federal pelo PL, mas não conseguiu ir para a Câmara. Quatro anos mais tarde, sim, e em 1998, foi reeleito. Durante este período, acumulou a política com a direção do clube. No fim de 1996, o dirigente montou a equipe que daria início a uma nova seqüência de títulos, incluindo o Brasileiro de 1997 e a Libertadores de 1998 – o time ainda perdeu o Mundial de Clubes, em Tóquio, para o Real Madrid. Em 2000, veio outro time poderoso, desta vez com Romário de volta à Colina. A equipe acabou novamente derrotada no Mundial, desta vez para o Corinthians, em pleno Maracanã. Em 2001, ele concorreu à presidência do Vasco, apoiado por Antônio Soares Calçada, e se saiu vencedor para o triênio 2001/2002/2003. Durante o mandato, o Vasco conquistou apenas um título, de campeão carioca em 2003. Depois disso, o Vasco só venceu a Taça Rio, em 2004.

Eurico Miranda e Roberto Dinamite já se enfrentaram em 2006

Em 2006, Eurico venceu novamente as eleições, concorrendo contra Roberto Dinamite. A chapa de oposição acusou irregularidades e entrou na Justiça para anular todo o processo. No último sábado, após algumas vitórias no judiciário, uma nova assembléia foi realizada para a escolha de membros do conselho deliberativo. Desta vez, a situação saiu derrotada. Visivelmente contrariado com a decisão da Justiça de remarcar o pleito, Eurico Miranda desistiu de concorrer na última eleição. Por escolha dos beneméritos, o atual vice-presidente geral Amadeu Pinto da Rocha concorreu com Dinamite, mas acabou derrotado, decretando o fim de uma era.

As informações são do site Globoesporte.com.