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 | 29/06/2008 00h07min

As diferenças entre os técnicos da Dupla

Tite e Roth trilharam caminhos idênticos, mas são a antítese um do outro

Diogo Olivier  |  diogo.olivier@zerohora.com.br

Eles nasceram na mesma cidade. Trilharam caminhos idênticos no futebol. Ex-jogadores, viraram técnicos com história nos dois clubes locais. São contemporâneos: Tite tem 47 anos; Celso Roth, 50. Mantiveram laços apertados com a terra natal. Não é por outro motivo que concentram investimentos em Caxias do Sul.

Assim, seria lícito supor que os técnicos gaúchos do Gre-Nal deste domingo já se cruzaram para bater papo muitas vezes e, com origens tão parecidas, até cultivem jeitos de ser semelhantes.

Não é o caso.

Roth e Tite não são inimigos, é claro, mas só se falaram em programas esportivos de televisão.

Um é a antítese do outro.

Tite abre a casa, a família e os amigos

Familiares de Roth fogem de entrevista

Tite fala a qualquer hora, em qualquer lugar. Roth, só nos horários combinados. Tite abre a casa para jornalistas e fotógrafos: os arquivos dos jornais estão repletos de fotos dele com a mulher e os filhos. Roth esconde a família. Após uma década de convívio com a imprensa em grandes clubes, os rostos dos familiares do técnico gremista são desconhecidos do grande público. Tite se diverte contando dos tempos em que pulava o muro do colégio particular Madre Imilda, em Caxias, para jogar bola em uma quadra melhor do que a de sua escola pública. A freira corria a molecada de lá. Roth não é muito afeito a conversas assim, a não ser quando está cercado por pessoas de confiança - embora o seu relacionamento com a imprensa, antes turbulento, quase agressivo, tenha evoluído de forma impressionante.

Pode ser que a explicação esteja no destino. Roth perdeu o pai aos 19 anos e acelerou o fim de sua carreira como volante para ficar ao lado da mãe. Aprendeu desde cedo, à força, a remar contra a maré. Pressões para demiti-lo são canção de ninar diante do que passou ao perder o pai:

— Tinha machucado o joelho e a direção do Juventude queria me emprestar. Foi uma decisão óbvia: eu era o mais velho da casa. Tinha que ficar ao lado da minha mãe. E sabia que não seria um grande jogador. Ali eu dei um outro rumo para minha vida. Não optei por isso, mas aconteceu. Os obstáculos surgem para quem pode vencê-los, acredito nisso - resume Roth, em um dos raros momentos de abertura para falar da vida pessoal.

Tite, de outro lado, teve infância humilde e sem luxos, mas com o núcleo familiar intacto e transbordante de afetividade. Assim, é natural que seja mesmo de se abrir, sem amarras:

— Não me considero figura pública. Sou um trabalhador como outro qualquer, que tem na exposição um aspecto da profissão. Minha família e eu convivemos com isso sem problemas, nas horas boas e ruins. Tem gente que diz que isso é média, eu sei, mas não vou mudar o meu jeito por isso. Quem me conhece sabe que sempre fui assim.

Um dirigente gaúcho respeitadíssimo no Beira-Rio e no Olímpico e que já trabalhou com Tite e Roth resume o perfil de ambos em linhas gerais:

— O Tite confia. O Roth desconfia.

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