| 02/07/2008 23h10min
Um busto de bronze, instalado no Estádio Dr. Hercílio Luz desde a década de 20, homenageia o marinheiro Marcílio Dias, que dá nome ao clube de Itajaí. Porém, desde a década de 80 os torcedores marcilistas acreditam no mito de que o busto é responsável pelos maus resultados do time, em especial, pelo jejum de 45 anos sem títulos estaduais.
A superstição começou durante o Catarinense de 1981, na época o busto ficava atrás do gol, de frente para o campo. Em uma partida em casa, o centroavante Caíco marcou um gol e comemorou beijando a escultura do marinheiro. Depois daquele dia, Caíco não voltou a marcar gols pelo rubro-anil. Foi então que os torcedores começaram a pedir para a diretoria retirar o busto do campo e colocá-lo de costas para o gramado. Há quem garanta que o marinheiro seca o time.
— Ele (o busto) não pode assistir ao jogo, quando colocamos óculos ou venda nos olhos dele o Marcílio joga bem, mas quando não tapamos os olhos e ele assiste
ao jogo, o time sempre perde —
afirma o torcedor Antônio Carlos dos Santos, que acompanha o Marcílio há 30 anos.
Em 1982, a escultura foi deslocada para a entrada do estacionamento do estádio, mas permaneceu virada de frente para o campo. Depois disso, o busto de Marcílio Dias já mudou de local pelo menos três vezes, mas em todas virado de frente para o campo. Desde 2003, a escultura permanece ao lado da secretaria do clube, e foi colocada de perfil para o campo.
— O busto tem que ficar na entrada do estádio, de frente para a rua, para dar as boas vindas para o torcedor e de costas para o campo, para não ver o jogo — sugere Santos, que disse brigar com a escultura quando o rubro-anil perde o jogo.
O ex-goleiro Mauro Ferreira, que fez história no Marcílio e defendeu o clube por nove anos (1981 a 1990), participou de toda a trajetória do chamado "mito do busto". Para ele, a superstição faz parte da vida do clube de Itajaí, mas não interfere nos resultados do
time dentro de campo. Mauro sustenta a
afirmação com um exemplo de sucesso:
— O Levir Culpi começou a carreira de treinador no Marcílio Dias. Em 27 março de 1988, o nosso time foi campeão do primeiro turno do estadual e o Levir tirou uma foto apoiado no busto de Marcílio Dias (a foto foi publicada na Revista Placar de 15 de abril de 1988). Hoje ele é um treinador de muito sucesso e competência _ argumenta.
Superstição ou não, a verdade é que o torcedor marcilista nunca comemorou um título em casa. As últimas conquistas do rubro-anil foram a Copa Santa Catarina e a Recopa Sul-Brasileira, em novembro e dezembro do ano passado, ambas conquistadas fora do Estádio Hercílio Luz e bem longe dos olhos da escultura do marinheiro. Um bom desempenho na Série C pode ser o fim do mito do busto secador. É aguardar para ver o desempenho do Marcílio Dias na competição.
Quem foi
Marcílio Dias nasceu em 19 de março de 1838 em Rio Grande (RS). Foi um marinheiro da Armada Imperial brasileira. Sagrou-se herói na Batalha Naval do Riachuelo, em 11 de junho de 1865, no início da Guerra da Tríplice Aliança, quando a corveta Parnaíba foi abordada por três navios paraguaios. Marcílio Dias travou uma luta corpo a corpo contra quatro inimigos, matando dois deles, mas foi ferido. Ele morreu no dia seguinte ao confronto, em 12 de junho de 1865, aos 27 anos. O marinheiro foi sepultado com as honras do cerimonial marítimo nas próprias águas do Rio Paraná, nas proximidades da cidade de Corrientes, na Argentina, em 13 de junho de 1865.
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