A entrevista coletiva estava em seus instantes finais quando Tite foi questionado sobre o desempenho do time neste seu primeiro mês no Inter. O técnico arregalou os olhos, meneou a cabeça, pediu desculpas e anunciou que iria dizer um palavrão:

— PQP!! Amanhã (hoje) faz um mês, já? Juro que parece ontem...

A razão do esquecimento foi a entrega ao trabalho para recuperar o time no Brasileirão. Tite assumiu sob desconfiança e resistência de alguns setores do clube, devido ao seu passado no Grêmio. Necessitava de resultados imediatos.

Por isso, se inteirou de todos os detalhes da rotina do clube nas primeiras semanas. Chegava bem antes do horário marcado para o treino e era um dos últimos a deixar o vestiário.

Tite adotou como método conversar com funcionários, jogadores, dirigentes e até torcedores no pátio do estádio para conhecer o Inter por dentro. Alguns funcionários se mostram encantados com o novo "professor". Sua educação e simpatia é elogiada por todos.

O resultado da entrega ao trabalho veio no campo. Em cinco jogos, o técnico obteve aproveitamento de 66,6%. O desempenho, admite, o surpreendeu.

— Foi acima do que esperava. Isso é percentual de campeão — disse.

É consenso no Beira-Rio de que o Inter recuperou a confiança. O time ganhou consistência e equilíbrio, segundo dirigentes e jogadores.

— Futebol é resultado, mas basta olhar o posicionamento, a questão anímica, a união e a determinação de buscar o resultado — listou o vice de futebol Giovanni Luigi.

— Voltou o espírito competitivo. A gente tinha fugido disso. Essa organização competitiva, de uma forma alegre e responsável, está fazendo a gente colher esses frutos agora — comemora Alex.

Depois de arrumar o time, Tite encara agora outro desafio: fazer o time vencer como visitante. A última vitória sobre time das Série A e B fora de casa foi contra o Vasco, no distante 4 de novembro. De lá para cá, foram 10 jogos - nove derrotas e o empate no Gre-Nal do dia 29.

O histórico do Inter longe do Beira-Rio não empolga. Em 2007, foram apenas três vitórias: América-RN, Sport e Vasco. Insuficiente para quem quer vaga na Libertadores

O Inter no Brasileirão com Abel e Guto Ferreira

- 5 jogos
- 1 vitória
- 1 empate
- 3 derrotas
- 5 gols marcados
- 8 gols sofridos

O Inter no Brasileirão com Tite

- 5 jogos
- 3 vitórias
- 1 empate
- 1 derrota
- 8 gols marcados
- 4 gols sofridos