| 13/07/2008 03h07min
O excesso de modéstia quase traiu Victor. Em dezembro, às vésperas de ser contratado pelo Grêmio, ele admitiu a Zero Hora algumas deficiências em jogar com os pés e também nos chutes rasteiros. Foi o suficiente para que a torcida passasse a ver com reservas a idéia de trocar o ídolo Saja por um jogador do interiorano Paulista, de Jundiaí.
Sete meses depois, poucos ainda lembram do argentino, que acertou nesta semana com o AEK, da Grécia. O goleiro que enfrenta a Portuguesa neste domingo, às 18h10min, é reconhecido como o mais confiável substituto de Danrlei, destronado pelo técnico Adilson Baptista no final de 2003. Também é apontado como um dos responsáveis pelo excelente desempenho da defesa do Grêmio, a melhor do Brasileirão, com sete gols sofridos em 10 jogos.
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A desconfiança da torcida, a rigor, já havia desaparecido nas primeiras rodadas do Gauchão, devido às boas atuações do goleiro de 1m93cm. A ponto de ela entrar em pânico na tarde de 24 de fevereiro, quando Victor sofreu lesão renal em jogo contra o Esportivo, na Montanha dos Vinhedos, em Bento Gonçalves.
Nem a longa parada de dois meses tirou a calma do goleiro, nascido há 25 anos em Santo Anastácio, interior paulista, e que tinha o vôlei como esporte preferido na adolescência.
Para suportar a distância dos gramados, ele se valeu da frieza com que costuma encarar os momentos mais difíceis nos jogos. Trata-se, certamente, de sua característica mais
marcante. Victor é definido pelos companheiros como um jogador
que não entra em pânico. O técnico Celso Roth elogia sua economia de gestos a cada defesa.
- Não sou acrobata. Quanto mais discreto for, mais ajudarei o time - resume.
Sua inspiração é Taffarel, como ele um goleiro que não gostava de ser espalhafatoso. "Sigo a linha dele", confessa. Victor começou a gostar do tetracampeão na Copa de 1994, nos Estados Unidos. Tinha só 11 anos na época. Hoje, Dida e Julio César são a fonte de inspiração.
Antes de 2011, data de encerramento de seu contrato com o Grêmio, Victor não pretende deixar Porto Alegre. A identificação com a cidade aumentou ainda mais após a mudança de endereço. Desde que trocou o apartamento no Bairro Cristal por um condomínio na Vila Assunção, os passeios à beira do Guaíba viraram programa favorito sempre que o calendário de jogos permite. Acompanhado da noiva, Gisele, e da cadelinha, Alícia, faz longas caminhadas tendo como pano de fundo os barcos ancorados na marina. O reconhecimento ao
trabalho aparece a cada encontro com
torcedores gremistas no calçadão.
- Antes de sair, quero ficar guardado na mente do torcedor - diz.
Não há quem não se renda ao seu jeito tranqüilo. É o caso de Ana Maria, sua faxineira, que pegou carona com o goleiro na sexta-feira, logo após ele atender ao convite para fazer fotos na beira do Guaíba.
- Ele é gente muito fina. E olha que eu sou colorada - sorri Ana Maria.
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