| 25/07/2008 05h07min
O Grêmio não apenas fez o que não fazia há tempo, ganhar do Figueirense, em Floripa, como alcançou a maior goleada do campeonato fazendo com naturalidade sete gols e submetendo-se apenas a um. Uma goleada que consolida todo o trabalho do Celso Roth, valoriza todos os jogadores e coloca o Grêmio na liderança do campeonato. Nada poderia ser maior. Uma goleada não se explica apenas por gols, se explica sobretudo pela qualidade do time e sua capacidade de tirar vantagem do desequilíbrio do adversário. O Figueirense desequilibrou-se, mas o Grêmio foi implacável e ninguém até agora fez mais do que ele. É uma campanha, a princípio defensiva, mas agora obtendo reconhecimento até dos recalcitrantes.
Meia-boca
O sucesso de Tite com o time do Inter é um exercício continuado de bom senso, persuasão e formação de grupo. A escolha de Andrezinho, soube-se depois da vitória contra o São Paulo, foi uma deliberação dele com dois jogadores básicos, Edinho e
Guiñazu. Neles recairia, por certo,
como caiu, a adaptação do meio-campo com Andrezinho ou com Maycon. Os dois foram testados, contou Tite, e ele ficou em dúvida entre começar o jogo com ou com outro. O São Paulo, do outro lado, sempre merecia o máximo respeito. Andrezinho seria um reforço de bola, passe, jogada de articulação, avanços, Maycon seria o reforço defensivo. A sabedoria de Tite foi a de se reunir com Guiñazu e Edinho e colocar para eles as duas alternativas. Andrezinho seria a do maior sacrifício: os dois teriam de jogar atrás, compensando um meia de movimentação. Por certo, a decisão de Tite estava tomada antes da reunião. Mas ela a convalidou com os dois jogadores, reafirmou a decisão com eles e fortaleceu o pacto de superação.
O sucesso passa por aí e também pela resposta qualificada de Andrezinho, um dos melhores na noite memorável. Jogador precisa ter qualidade e ser aproveitado onde elas ficam mais salientes e os companheiros já estão à volta para ajudar. O indivíduo existe como referência, o time é que o
define
melhor. E isso Tite já conseguiu, determinando com clareza as funções e exigindo repetição. A escolha de Andrezinho obedece a essa ordem: ele jogou no seu lugar, não foi improvisado, e nem Edinho e Guiñazu jogaram fora de suas posições, apenas tiveram de aumentar a freqüência defensiva.
Nada contra o apoio meia-boca ao nome de Tite nos alto-falantes.
Ênfase
Outro dia escrevi sobre goleiros brasileiros. Nunca foram mais respeitados no mundo todo. Jogam nos principais times da Europa. São mais de 10 na primeira posição do ranking nacional. Ranking que não se faz porque é mesmo complicado fazer avaliações de goleiro. Fora do erro, eles se parecem muito nos acertos e nas ousadias. Vê-se que estão bem treinados, atentos e velozes. Harley, do Goiás, bom goleiro, é um dos últimos de estatura ao redor de 1m80cm. Cresceram de tamanho, abriram ainda mais os braços e estão ali, à frente de seus times (ou às costas, seria melhor
dizer). Dunga foi incumbido de renovar a Seleção
também nos goleiros. Dida desistiu, Rogério Ceni não é mais convocado, o titular nesse instante é Júlio César, da Inter, de Milão. Está faltando convocar goleiro que joga no Brasil. É uma lista grande, que não desonra nenhuma tradição recente de bom goleiro brasileiro.
Aliás, outra constatação que já se pode fazer é a referente à qualidade dos zagueiros de área. Também são titulares nos seus times europeus e não apenas Lúcio, no Bayern, e Juan, na Roma, os dois titulares de Dunga. Breno, revelado pelo São Paulo, é um exemplo. Está na seleção olímpica, em breve será titular na principal. A ênfase crítica brasileira sempre começou pelos atacantes e não baixou do meio-campo. O futebol é visibilidade, o que pode ser mais visível do que o autor do gol de braços erguidos e agradecimentos aos céus ou à amada?
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