| 28/07/2008 03h10min
Coluna publicada em Zero Hora no dia 29 de julho de 1983 sobre o primeiro título da Libertadores do Grêmio, conquistado após uma vitória sobre o Peñarol
A noite foi de um belo jogo de futebol. Uma noite memorável porque o Grêmio conquistou um título inédito e trouxe de volta para o Brasil a Taça Libertadores. Uma admirável partida que teve lances de alguma genialidade, mas sobretudo o confronto de duas equipes fortes. Sempre soubemos que uma decisão se caracteriza por ser de pouco futebol, muito nervosismo e raros lances bonitos. Que importa isso! Decisão é jogo que empolga, emociona, e tudo isso o Grêmio proporcionou a seus torcedores na noite de ontem.
É bem verdade que o Peñarol foi um adversário difícil, lutador e incansável na sua tentativa de vencer. Começou perdendo e com seu futebol forte, de bolas longas, chegou ao empate. Mas o Grêmio não poderia desperdiçar a chance de sua maior glória. Por isso foi à frente,
sofreu faltas, Tita sangrou, Renato foi
expulso, mas o título foi garantido. Está de parabéns o Grêmio. Com justiça, merecimento.
Um detalhes importante foi o Grêmio ter feito um gol no primeiro tempo, a 10 minutos, numa cruzada de Osvaldo pela esquerda e que Caio completou. E tudo o que o time tentou foi preservar esse resultado. Fez isso mas também teve erros que foram prejudiciais porque não soube tomar para si o controle do jogo. Permitiu que o Peñarol usasse da bola longa, do entrechoque e perdeu vantagem territorial. Isso preocupou o torcedor e o dirigente porque a tática deveria ser diferente.
O Grêmio necessitava mandar no jogo, impor seu estilo, ter mais calma. No entanto, apesar dos problemas, algumas vezes gravíssimos, permitindo a Saralegui e Olivera concluírem a gol, soube manter o resultado parcial. Ressentiu-se o Grêmio do pouco futebol que Renato apresentou. Modestamente, ele conseguiu cruzamentos e escassamente pôde driblar Diogo. Mas se o Grêmio teve problemas no ataque, teve, também, na
defesa. Hugo de León
mostrou qualidade técnica e personalidade, movimentando-se muito bem, e Casemiro, na sua regularidade, esteve bem. De qualquer forma, o jogo era perigoso e um descuido poderia ser fatal.
O Santana alertou para o perigo da bola alta. O Peñarol começou melhor o segundo tempo e a vantagem do Grêmio corria risco. A defesa começou a vacilar, Baidek teve duas bolas de rosca. E, incompreensivelmente, o time parou de atacar com força. Era preciso evitar o entrechoque de força do Peñarol.
E, apesar de sentir os problemas, o Grêmio não teve o controle do jogo e permitiu os ataques do adversário. E o que se temia aconteceu: um gol de bola alta. E por quem? Morena. Sempre ele. Um jogador perigosíssimo, que às vezes aparece pouco no jogo, mas na hora fatal está lá. E empatou. Com justiça, ressalte-se, porque o Peñarol, com as boas jogadas de Venancio Ramos, incansável, na movimentação pelo ataque, complicou toda a defesa gremista. Era preciso reagir.
A torcida
precisava ajudar e colaborou. Mas
era necessário o Grêmio mudar também dentro do campo. Meio timidamente, o jogo ressurgiu. E Renato, que tentou suas jogadas admiráveis durante todo o jogo, aos 32 minutos fez um cruzamento incrível e César estava lá, para, com coragem, decretar o resultado final, numa cabeçada fulminante.
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