| 29/07/2008 13h38min
O velejador brasileiro Ricardo Winicki, esperança de medalha para o país na classe RS:X nos Jogos de Pequim, espera ter um desempenho melhor do que o dos Jogos de Atenas, quando deixou o ouro escapar no último dia de competição.
Em 2004, Bimba teve um desempenho surpreendente e chegou à última regata na liderança da competição, precisando de um 16º lugar para ficar, no mínimo, com o bronze. Entretanto, foi 17º e acabou com a quarta posição, fora do pódio.
Para Bimba, vários fatores influenciaram no resultado desastroso. Desde o excesso de tranqüilidade até as rajadas de vento dos helicópteros que faziam as imagens para a televisão.
— Havia helicópteros filmando a regata, fazendo rajadas de vento. Talvez eu tenha ficado tranqüilo demais naquela regata. Acho que faltou um pouquinho de adrenalina e não deu nada certo. Não era minha hora. A sorte não estava do meu lado e espero que ela esteja agora em Pequim — disse o velejador.
Bimba também se sentiu prejudicado pela organização dos Jogos de Atenas, que teria insistido para que a regata começasse às 13h locais, em virtude da transmissão ao vivo.
— O problema do vento em Atenas foi a inconstância. Apesar disso, a organização estava preocupada em fazer a regata às 13h em ponto, para poder transmitir pela televisão — afirmou.
Velejador aposta na experiência
Três anos depois, o atleta carioca se viu em uma situação parecida, só que pelo Mundial de Portugal. Winicki chegou à última regata em primeiro lugar e passou a noite em claro, ansioso com a disputa do dia seguinte.
— Penei para dormir naquela última noite. Pensei bastante em Atenas, sofri muito, com medo de passar por aquilo tudo de novo. Fiquei bastante nervoso e foi aí que eu percebi que estava sentindo aquela adrenalina que faltou na Grécia — lembrou.
Só que naquela oportunidade o final da história foi diferente. Bimba se sagrou campeão e conseguiu colocar, definitivamente, seu nome entre os principais windsurfistas do mundo.
— Provei para mim mesmo que sou capaz de subir no pódio em um campeonato tão importante e também por posso competir tranqüilo — afirmou o velejador.
Mas o título mundial de 2007 e conquistas mais recentes como a Semana da Vela Francesa não foram suficientes para que Bimba aparecesse entre os primeiros do ranking mundial da federação internacional da modalidade.
A situação fez com que o atleta deixasse de dar importância à classificação. Para Winicki, os europeus acabam sendo beneficiados por pontuarem quando competem fora de seu continente, quando o mesmo não acontece com os sul-americanos.
— Eu não acompanho este ranking mundial, que é mal feito. As pessoas que vem de fora da América do Sul pontuam para o ranking. Em vez de passar de quinto para segundo ou terceiro, fui para a 15ª colocação. A partir desse momento, deixei de me importar com esse ranking — criticou.
Concorrência será forte em Pequim
Bem ranqueados ou não, Bimba acredita que pelo menos 10 atletas terão condições de lutar pela medalha de ouro na raia olímpica de Qingdao, a partir de 11 de agosto.
— Alguns deles são os representantes de Portugal, Nova Zelândia, França, Inglaterra, Espanha, Polônia, Israel e China. Uma turma muito forte, bem preparada. Todos já subiram no pódio em campeonatos internacionais. Então, o bicho vai pegar — explicou o brasileiro.
Quanto ao palco das regatas nos Jogos Olímpicos, Bimba minimizou os problemas de poluição e afirmou que as algas que infestaram o mar de Qingdao nos últimos meses não serão mais problema em agosto. Sua única preocupação é com a falta de ventos.
— Em Atenas tinha muito mais vento, eram condições normais. Não faço questão nem que seja um lugar que vente todo dia, mas é legal poder variar o máximo possível. Com ventos fortes, quem é pesado leva vantagem. No fraco, os leves saem na frente — comentou.
Bimba torce por condições variáveis em Qingdao, “para poder misturar o bolo, com os levinhos ficando um pouco para trás também”. Mas sejam quais forem as condições da raia olímpica, ele se coloca entre os favoritos na busca por medalhas.
— Sou leve e alto, moro em Búzios, um lugar que venta bastante. Então aprendi a velejar bem no vento forte e, por ser leve, também consigo ir bem no fraco. Acho que consigo tirar uma média legal e ter bons resultados — projetou.
Nas últimas semanas, Bimba realizou treinos na Baía de Guanabara e em Búzios – este, seu lugar preferido para velejar. Estar no mar sempre foi sua atividade favorita, desde os dois anos, quando teve seu primeiro contato com as pranchas.
— Quando eu tinha 11 anos, meu pai voltou a praticar. Nesta época já havia materiais mais específicos para criança e resolvi aprender. A partir daí, comecei a velejar e não parei mais — encerrou o atleta.
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