| 30/07/2008 15h51min
Considerada uma das equipes favoritas à medalha de ouro nas Olimpíadas de Pequim, a seleção brasileira feminina de vôlei revela uma estatística curiosa ao ser analisada com um pouco mais de atenção: das 12 atletas convocadas, nada menos que seis jamais participaram de uma edição dos Jogos Olímpicos, incluindo aí nomes rodados como Sheilla, Paula Pequeno e a líbero Fabi. Ao lado da ponteira Jaqueline, da levantadora Carol Albuquerque e da central Thaísa, as três formam um grupo que não esconde a ansiedade para a disputa da competição mais importante do esporte mundial. E, para não ver o desempenho afetado em quadra, contam com a ajuda de nomes mais experientes da equipe caso de Fofão (que vai para sua quinta Olimpíada), Walewska (duas edições no currículos) e o técnico José Roberto Guimarães, também com duas participações, mas uma medalha de ouro conquistada.
– A cada dia que passa é só falar em Olimpíadas que o corpo se arrepia todo – admite Paula, que era nome certo na lista para Atenas-2004, mas não pôde ir à Grécia por conta de uma grave lesão no joelho esquerdo a tirou da disputa.
Dois anos depois, ela quase perdeu o Mundial da modalidade por conta de uma gravidez inesperada, mas recuperou a boa forma a tempo.
– Eu estou procurando não pensar em mais nada quando estou treinando até para aproveitar ao máximo. Justamente por todos esses motivos, eu tenho me controlando bastante até para não deixar que a ansiedade me atrapalhe – ensina a atleta.
O fato de a Olimpíada ser uma competição diferenciada, a começar pelo alojamento (ao lado de milhares de atletas de diversas modalidades, ao contrário do hotel com, no máximo, alguns times rivais no mesmo prédio) já entrou na pauta das reuniões do time, garante Walewska.
– A Vila tem várias distrações, mas isso já foi conversado no Brasil e elas estão cientes do que pode acontecer se perder o foco da medalha de ouro – explica a central.
Para o técnico Zé Roberto, dentro de quadra não muda nada.
– O problema é a Vila Olímpica – concorda o treinador, se referindo ao fato de ídolos do esporte circularem livremente ao lado de anônimos, além de a comida ser abundante – Mas elas vão ter que estar focadas. Todos os dias a gente conversa isso e salienta.
Fã de tênis, Carol Albuquerque já prevê que terá que se controlar.
– Eu adoro o Roger Federer e o Rafael Nadal (respectivamente primeiro e segundo colocado do ranking mundial). Então para não perder o foco, vou ter que dar uma segurada nessa ansiedade – admite a jogadora.
Fabi, por sua vez, adota um estilo mais "desencanado" e minimiza os encantos da Vila Olímpica.
– Não estou preocupada com o que vai ser de anormal. Assim como no Grand Prix, sabemos o que vamos fazer lá. Além disto, essa questão da ansiedade está sendo muito bem trabalhada por quem já foi. Estamos recebendo toques dos mais experientes sobre os possíveis deslumbramentos – revela.
Titular em Atenas-2004, Valeskinha discorda um pouco e acredita que a conversa apenas não resolve muito.
– Quem nunca foi só vão entender quando entrar em uma Vila, ver como é – acredita.
Por sua vez, Thaísa, a jogadora mais nova da equipe, mostra maturidade ao falar do tema.
– A gente já é grande o suficiente para saber lidar com esse tipo de coisa. Não somos uma seleção infanto ou juvenil para chegar e ficar deslumbrado com tudo. Temos que fazer a nossa parte. Quer tirar foto com um ídolo na Vila Olímpica? Tudo bem, não tem problema, mas o foco são os jogos e não podemos perder isso de jeito nenhum – finaliza.
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