| 26/08/2008 21h24min
Estádios em más condições, trânsito caótico, “apagão” na internet. Essas são apenas algumas das preocupações de engenheiros, arquitetos e políticos com relação à infra-estrutura necessária ao país para abrigar com sucesso os jogos da Copa do Mundo de 2014, confirmada para o Brasil.
Em encontro realizado na tarde desta terça-feira no Centro Britânico da capital, o presidente Nacional do Sinaenco (Sindicado de Arquitetura e Engenharia Consultiva), José Roberto Bernasconi, o país não tem, no momento um só estádio em condições ideais para receber um evento do porte da Copa do Mundo.
– O Brasil está atrasado. Há mais de um ano levantamos a situação dos estádios brasileiros e não há um em condições ideais para receber a Copa. Até o Engenhão, que é um estádio novo e moderno, está localizado em um local totalmente deteriorado. É uma pérola em meio a um mangue – exagerou.
– Se não houver intervenção rápida e direta, não haverá Copa do Mundo no Brasil. As coisas estão paradas. Como está a infra-estrutura, a mobilidade, os aeroportos, as telecomunicações? Está tudo entupido de novo. A internet piscou e parou há dois meses. Imaginem se ela pára na abertura da Copa? – questionou. – E os congestionamentos? Tem de haver mobilidade – pediu Bernasconi, citando a organização da Fórmula-1, realizada todo ano em Interlagos, como modelo a ser seguido. – É um ensaio bem feito todo ano na capital, mas precisamos disso em âmbito nacional.
O engenheiro não quer que São Paulo repita os erros de planejamento que aconteceram na execução dos Jogos Pan-Americanos de 2007, realizados no Rio de Janeiro. E foi muito claro ao exemplificar o que pretende evitar:
– Não podemos repetir o erro do Pan-2007, quando o orçamento previsto, que era de R$ 400 milhões, subiu para R$ 3 bilhões. Além disso, não foram feitas melhorias na cidade e o Governo perdeu a oportunidade de passar o Rio de Janeiro a limpo, como foi feito em Barcelona na ocasião dos Jogos Olímpicos de 1992 – comparou.
Caio Luiz de Carvalho, presidente da São Paulo Turismo, compartilhou da preocupação de Bernasconi.
– Estamos atrasados, mas ainda há tempo. A Copa do Mundo é um diferencial que contamina o país inteiro, diferentemente do Pan, da Fórmula 1 e das Olimpíadas, que são realizados em apenas uma cidade. Por isso é importante o governo federal e os ministérios se planejarem – pediu.
– Trata-se da promoção do país, um sinônimo de oportunidade que pode mudar muita coisa na história. Não só em estádios, mas em educação, infra-estrutura, agenda ambiental... O Rio tentou no Pan e não conseguiu porque se pautou de forma errada. O grande desafio é deixarmos de ser telespectador dos grandes eventos e sermos atores. Temos que ser responsáveis e pensar no que deixaremos de herança para as cidades – concluiu.
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