| 02/09/2008 03h50min
O novo centroavante do Grêmio, Richard Morales, 33 anos, deixa para trás um histórico de gols e de muita confusão em Montevidéu. Um dos episódios mais polêmicos aconteceu há oito anos, em um clássico entre Nacional e Peñarol. E resultou na prisão do jogador por 10 dias, junto com outros oito envolvidos.
Relatos feitos na época pela imprensa uruguaia contam que Julio Ribas, técnico do Peñarol, teria provocado Morales após o encerramento do jogo, disputado no dia 26 de novembro de 2000. Seguiu-se um confronto generalizado, semelhante ao que havia envolvido as mesmas equipes em 1990.
Lutador de artes marciais, Ribas engalfinhou-se com o centroavante, de 1m96cm. Outros 16 jogadores também brigaram. A confusão durou três minutos e só se encerrou com a intervenção policial. Nove dos brigões para a cadeia.
Outro episódio ocorreu no dia 13 de julho deste ano. Morales foi expulso contra o Peñarol. A caminho do vestiário, jogou sua camiseta na direção da
torcida rival. A camisa acabou rasgada
e incendiada por torcedores. O gesto rendeu muitas críticas da imprensa uruguaia.
André Krieger, diretor de futebol do Grêmio, garante ter buscado informações detalhadas sobre o comportamento do jogador antes de contratá-lo. Para o dirigente, episódios isolados não podem servir para um julgamento definitivo.
Mais maduro, Morales parece agora querer distância de confusões. Por isso recusou o Flamengo. No início de agosto, depois de se acertar com o clube carioca, ele recuou ao assistir pela internet a cenas em que torcedores protestavam com violência na Gávea.
— No Grêmio, poderei oferecer tranqüilidade para minha família — disse o jogador, cujo contrato vai até julho de 2009.
"Chengue", como é chamado pelos torcedores do Nacional, retornou a Montevidéu. Hoje já estará em Porto Alegre com o atestado de bons antecedentes que lhe permitirá retirar o visto de trabalho. O apelido vem da infância. Era o nome de uma ovelha negra criada
por seu pai.
Sem atuar desde 13 de
julho, levará pelo menos duas semanas até ficar em condições de jogo. No Grêmio, projeta melhorar o retrospecto da temporada: seis gols, por enquanto. Dois deles pela Libertadores.
No torneio Apertura, que fechou o calendário uruguaio em 2007, Morales havia marcado cinco vezes. Ainda com mais dois anos de contrato com o Nacional, aceitou pagar o valor da multa para se acertar com o Grêmio. Os valores não foram revelados.
— Foi emocionante ver o time jogar domingo. A torcida é vibrante — contou ontem, ao deixar o Olímpico.
— Era ídolo no Nacional. Grande cabeceador e solidário com os companheiros — diz o jornalista Raul Tavani, do diário El País, de Montevidéu.
O site do Nacional confirma a impressão de Tavani. Ontem, a despedida revelou a dor da perda:
— Volte para casa quando quiser — dizia o texto na internet.
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