Desta vez o presidente não reclamou. E o Brasil não ganhou. Sem nada lembrar a equipe que goleou o Chile no domingo, a Seleção não passou de um decepcionante empate em 0 a 0 com a Bolívia, lanterna das Eliminatórias, na noite desta quarta. O resultado irritou os poucos torcedores que compareceram ao jogo válido pela oitava rodada da competição. Nos minutos finais, além dos coros pedindo a saída de Dunga, a torcida ensaiou gritos irônicos de incentivo à seleção boliviana.

Os minutos iniciais da partida criaram um ilusório otimismo, com a Seleção sufocando os bolivianos. Mas o devaneio durou pouco. Aos sete minutos, Ronald Garcia deu o primeiro chute a gol da Bolívia. Defendido com facilidade por Júlio Cesar, é claro, mas era o prenúncio de que nada seria tão fácil ao Brasil como se desenhara.

Antes dos 20 minutos de jogo, vaias já ecoavam forte pelo Engenhão. A atuação burocrática do Brasil irritava o pequeno público presente ao Estádio Olímpico João Havelange. Salvo falhas da defesa boliviana, a Seleção insistiu nas jogadas pelo meio, setor mais congestionado do campo.

Sem alterações no intervalo, a partida também não se alterou no segundo tempo. O primeiro lance menos sonolento ocorreu aos sete minutos. Numa dividida com Ignácio Garcia, Robinho cavou a expulsão do defensor boliviano, simulando ter sido atingido no joelho.

A entrada de Júlio Baptista no lugar de Lucas, combinada à vantagem de um jogador a mais, devolveu o domínio ao Brasil. Mas nada adiantou. Nilmar entrou faltando 15 minutos, no lugar de Ronaldinho, que recebeu uma estrondosa vaia. Com a missão de decidir a partida, o atacante do Inter não foi bem-sucedido.

A maior chance de gol aconteceu no último lance do jogo, em cabeceio de Júlio Batista, colocado para escanteio pelo goleiro. A noite que era para ser de afirmação para o Brasil, terminou com um coro de "adeus Dunga". Assim, a Seleção fica em segundo lugar, com 14 pontos, três atrás do líder Paraguai, mas precisa de um tropeço da Argentina para terminar a rodada nessa posição.

FICHA TÉCNICA

Brasil (0)
Júlio César ; Maicon, Lúcio, Luisão e Juan; Lucas (Júlio Baptista, 15min 2ºT), Josué e Diego (Elano, 31min 2ºT); Robinho, Ronaldinho (Nilmar, 30min 2ºT) e Luís Fabiano . Técnico: Dunga

Bolívia (0)
Arias; Hoyos, Raldes, Rivero e Ignácio Garcia; Flores, Ronald García, Robles e Vaca; Jaime Moreno (Gutiérrez, 12min 2ºT) e Marcelo Moreno (Pablo Escobar, 33min 2ºT). Técnico: Erwin Sanchez

Cartões amarelos: Josué, Juan, Diego (Brasil), Jaime Moreno, Hoyos (Bolívia)
Cartões vermelhos: Ignácio Garcia (Bolívia)
Arbitragem: Alfredo Intriago (EQU), auxiliado por Felix Badaraco (EQU) e Juan Cedeño (EQU)
Local: Estádio Engenhão, no Rio de Janeiro