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 | 12/09/2008 05h50min

Árabes querem dominar o mundo do futebol

Sobis convive com Abel Braga no Al-Jazira

Leandro Behs  |  leandro.behs@zerohora.com.br

Os árabes querem dominar o mundo. Ricos e amantes dos esportes, os xeques compraram o Manchester City e, em até sete anos, sonham adquirir pelo menos um grande clube em cada país com relevância no futebol. Isso inclui o Brasil.

Queriam levar o Mundial de Clubes da Fifa para os Emirados Árabes. Conseguiram. Em 2009 e 2010, os campeões continentais se enfrentarão no Mohamed Bin Zayed Stadium, a casa do Al-Jazira, em Abu Dhabi. Nesse contexto se inserem Rafael Sobis, Abel Braga, Roberto Moreno.

Assim que roubou dos japoneses o Mundial de Clubes, o xeque e dono do Al-Jazira, Hamdan Bin Zayed Al Nahyan, estabeleceu a meta da conquista do campeonato nacional. Campeão da temporada 2008/2009, ele vai para o Mundial. Quer quebrar a rotina de 34 anos sem título.

Para isso, o xeque contratou Abel, campeão do Mundial de 2006, e deu-lhe carta branca na contratação de brasileiros. Por isso, a listinha de compras incluía Wellington Monteiro, Guiñazu e Rafael Sobis — Alex era opção, caso o Betis não liberasse Sobis. Nem todos aceitaram jogar em Abu Dhabi. Daí porque contrataram Fernando Baiano (ex-Inter), Radamés e Márcio Rozário (com passagem pelo Juventude).

Sobis desembarcou nos Emirados há 10 dias. Ontem, enquanto falava por telefone com ZH, aguardava a chegada da mulher, Michele, grávida de sete meses. Rafael, o primeiro filho do casal, nascerá em novembro, em Abu Dhabi.

O destino de Sobis, porém, é a Inglaterra. O xeque do Al-Jazira preside o conglomerado Abu Dhabi United Group, que no ano passado comprou o Manchester City do ex-primeiro-ministro tailandês Thaksin Shinawatra.

— Isso aqui é o paraíso. Trouxeram a F 1, os mundiais de golfe, de Vale Tudo e, agora, de futebol. Até as maiores corridas de cavalos. Estou encantado — disse Sobis, que agora escolherá a mansão para morar e o carro, tudo franqueado pelo clube.

A estrutura do Al-Jazira, segundo Sobis, é bem melhor do que a da maioria dos clubes brasileiros. Antes de assinar com os árabes conversou com os ex-companheiros Fernandão e Renan sobre a mudança. A dupla esteve lá em janeiro, com o Inter, na disputa da Copa Dubai e no amistoso com o Al-Jazira, em Abu Dhabi.

— Falam que vim por dinheiro. Não é verdade. Aqui, eles têm um projeto grandioso, querem ser potência mundial, não serei esquecido pelo Dunga — afirma o atacante.

Sobis ainda não teve tempo de conversar com os brasileiros dos Emirados. Só tenta escapar do calor de 48ºC no verão considerado “ameno”:

— No ar-condicionado fica 18ºC, mas, na rua, a gente cai na realidade do calorão.

Companheiro inseparável de Abel Braga e de Leomir Souza, o auxiliar Roberto Moreno, o Robertinho, também se adapta a Abu Dhabi. Ainda que tenha viajado há mais de um mês, as últimas semanas foram de pré-temporada, entre Áustria e Alemanha – na Alemanha, venceram amistoso contra o Nuremberg por 3 a 2. Abel já mora em uma casa. Robertinho está instalado no hotel do Al-Jazira, um cinco estrelas que fica dentro do estádio – uma arena para 20 mil torcedores, que está sendo ampliada.

— Caminho alguns metros do quarto e já estou na arquibancada — conta o auxiliar.

Abel Braga tem como assessor o argelino Noureddien Bu Falika — que foi seu jogador no PSG. Fala árabe e francês. É o seu interprete com os jogadores. Até durante as partidas.

No dia 1º de setembro, Abel ganhou um bolo de aniversário de presente da direção do clube. Comemorou seus 56 anos com os jogadores, à noite, no vestiário.

O aniversário também marcou o início do Ramadã, o período sagrado de orações e jejum dos muçulmanos, que vai até o final de setembro. Eles não podem se alimentar durante o dia — sequer ingerir líquidos —, somente à noite.

Assim, os treinos ocorrem sempre às 22h. A idéia é fugir do calor e também dar tempo para que os jogadores árabes jantem e façam a digestão.

— Eles comem demais assim que anoitece. Alguns jogadores já passaram mal após os treinos porque compensaram o jejum do dia todo — conta Robertinho. — Por sorte nós, estrangeiros, não precisamos cumprir o Ramadã, só não podemos nos alimentar em público durante o dia.

Divulgação  / 

Al-Jazira ofereceu no dia 1º de setembro o bolo de aniversário de 56 anos de Abel
Foto:  Divulgação


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