| 10/10/2008 09h54min
A superconcentração do Grêmio foi a notícia da última semana do meio futebolístico. Foram 140 horas de uma mesma rotina aos jogadores: do hotel para o treino, do treino para o hotel. O confinamento deu certo com as vitórias sobre Botafogo e Santos. Receita regrada a alimentação controlada e sono vigiado, com sinuca e Internet como passatempos. Tudo num luxo de cinco estrelas.
Essa realidade é bem diferente da encontrada na várzea de Porto Alegre. O Diário Gaúcho achou dois times que usam ou usaram este recurso antes de decisões nos areiões da Capital.
Estrutura nada amadora
A estrutura do Santa Fé, time da Zona Norte da Capital, não tem nada de amadora. Uma presidente organizada, um técnico disciplinador e, acreditem, um lugar de concentração. A idéia de reunir jogadores, comissão técnica e dirigentes surgiu em 2003.
– O profissional já faz noite. Imagina na várzea – compara o técnico Zinho.
– Perdi campeonato por causa de farra – emenda a presidente, Vera Ruschel.
Então, a cúpula decidiu fazer da casa dos fundos do pátio da residência de Vera uma concentração. Beliches, colchões, sinuca e churrasqueira formam o cenário, fechado para reforma.
– É para melhorar – explica Vera.
A rotina é parecida com a de um time profissional. A apresentação é para a janta. Depois, há uma palestra sobre o adversário. E, antes da meia-noite, todos devem estar dormindo.
– Chamamos os mais festeiros. Os casados e quem se comporta, ficam liberados. Mas se chegar no jogo com cara de festa, está fora – decreta Zinho.
A última grande vitória arquitetada na concentração foi contra a Academia do Morro, nas quartas-de-final da Copa Porto Alegre: 5x4 nos pênaltis, após empate em 1 a 1. O Santa Fé parou na semifinal.
A primeira vez em um hotel
O ano era 2005. A competição, a Copa Paquetá. O Ajax, da Lomba do Pinheiro, tinha pela frente a semifinal. O adversário era o poderoso Arsenal. Foi quando o técnico e presidente Vanderlei Cardoso reuniu os 22 jogadores e anunciou:
– Vocês nunca ficaram concentrados. Agora será a primeira vez! Vamos a um hotel!
A notícia pegou todos de surpresa e alterou a preparação. Afinal, cada um ficava responsável por cuidar de si na véspera das partidas.
– Precisávamos de concentração. Não dava para alguém jogar vindo direto de uma festa – lembra Vanderlei.
Então, no sábado, depois da janta na casa do chefe, os boleiros e a comissão técnica rumaram para um hotel no Centro. Sem o luxo ou Internet. Os R$ 370 gastos nas diárias tiveram desconto.
A idéia foi boa, mas faltou bola. O final de semana só não foi perfeito porque o Ajax levou 3 a 0. O que não invalidou a idéia, que será repetida em nova decisão.
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