| 25/11/2008 12h15min
Centenas de turistas que estavam isolados há três dias num parque em meio à Mata Atlântica no município de Gaspar, Vale do Itajaí, foram resgatados na manhã de hoje por bombeiros, PMs e soldados do Exército.
O salvamento foi dramático, uma verdadeira operação de guerra. Os bombeiros tiveram de improvisar uma pinguela (ponte pênsil) sobre gigantescas rachaduras abertas no morro e que impediam a saída dos turistas. Os visitantes, mais de 600, são estudantes e professores de diversas cidades catarinenses, paranaenses e paulistas, que tinham escolhido o Parque Aquático Cascanéia (em Gaspar) para comemorar a formatura no terceiro ano do Ensino Médio.
O passeio se transformou em pesadelo quando a tormenta de chuva, pedras e lama desabou sobre Gaspar e região, no último fim-de-semana. A única estrada que leva ao morro em que fica o parque aquático ficou desbarrancada e obstruída por terra em pelo menos quatro pontos. Os estudantes ficaram no topo de um morro,
abrigados num salão de festas. As
cabanas que eles deveriam utilizar ficavam muito próximas de locais de desabamento e a própria administração do parque decidiu que elas deveriam ficar vazias.
Foram dias de medo, diversão, banho frio e expectativa para os jovens. Eles conseguiam comunicação com os pais via celular, mas não podiam sair.
— As piscinas foram soterradas por lama, faltou luz e a saída era jogar cartas — resume Michel de Souza, 17 anos, aluno do terceiro ano do ensino médio na Escola Estadual Valério Gomes, de Tijucas (SC).
Ele e outros 40 colegas notaram que a situação era séria quando assistiram, ao vivo e em cores, a explosão da tubulação do gasoduto que passa em Gaspar. Foi tão próxima do parque que vários dos estudantes aproveitaram para registrar as labaredas com fotos feitas de telefone celular.
Apavorados com as notícias sobre a enchente, pais dos estudantes passaram os três dias ligando, até gastar as baterias dos celulares dos filhos. Foram
momentos de muita choradeira e nervosismo.
— Tem gente ameaçando me processar por deixar o filho passando privações, como se eu fosse culpado pela chuva que nos isolou do mundo — reclama o gerente do parque Cascanéia, Quirino Reinert.
Os estudantes reconhecem que não passaram fome e nem correram grave risco. Foi graças a uma operação conjunta que os jovens foram resgatados. O Exército retirou de helicóptero cerca de 200 alunos, enquanto outros 400 foram removidos em caminhada pela mata por bombeiros e policiais. PMs do Paraná e Rio de Janeiro ajudaram na operação.
Os ônibus nos quais os estudantes viajavam permanecem isolados na mata, já que só a pé é possível deixar o parque. A prefeitura de Gaspar começou a improvisar, com patrolas, uma via para tentar retirar os veículos dali. Os jovens, depois de sair da mata, caminham cerca de dois quilômetros pelo barro até uma estrada, para a qual foram enviados veículos que os levarão no longo trajeto de volta à
casa.
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