| 08/12/2008 13h33min
Depois da denúncia de tentativa de suborno do árbitro que apitaria a partida entre Goiás x São Paulo, na última rodada da Série A, recebida pela CBF, o Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) investiga uma suspeita na Série B. O árbitro Françuar Fernandes da Silva, vinculado à Federação Roraimense de Futebol, pode ser banido da função caso seja confirmada a tentativa de intermediar o suborno de outros árbitros. A data do julgamento do caso ainda não foi marcada. As informações são do site Justiça Desportiva.
Árbitro recebe mensagens suspeitas
Tudo começou no dia 1° de outubro, quando o árbitro Adriano de Carvalho, da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), vinculado à Federação Tocantinense de Futebol, foi escalado para apitar a partida entre Fortaleza e América, marcada para o dia 5 de outubro, pela
29ª rodada da Série B. Segundo o relato de Adriano, logo
após ser informado de que apitaria a partida, ele recebeu uma mensagem de celular com os seguintes dizeres: “Caro Adriano, tem alguém querendo lhe presentear em Fort... topa? Me retorna neste número. Françuar. Seguro e discreto na mão”. No mesmo dia, duas novas mensagens com o mesmo teor.
Adriano conta ter procurado o presidente da Comissão Estadual de Arbitragem de Futebol de Tocantins (Ceaf/TO), Gasparino Bezerra Maciel. No dia seguinte, recebeu sete ligações do número que lhe mandou a terceira mensagem e não atendeu nenhuma delas. Ao final do dia, procurou novamente Gasparino, relatando a insistência das ligações. No momento em que estava com o presidente da Ceaf, o celular de Adriano tocou novamente e foi atendido por Gasparino, que perguntou quem falava, tendo como resposta “Françuar”. O homem afirmou que estava ligando “para lhe desejar uma boa partida”. No dia 3 de outubro, Adriano e Gasparino se encontraram com o promotor de Justiça Erion de Paiva Maia.
O
promotor resolveu investigar
o caso e, na presença dos dois, ligou para o número que enviou as mensagens. A pessoa que atendeu se identificou como Françuar e, indagada sobre as ligações e mensagens, respondeu que se tratava de uma rotina na qual os árbitros ligavam entre si para desejarem uma boa partida. Passados 10 segundos, Adriano recebeu uma ligação do mesmo número e o promotor pediu que ele atendesse. Adriano então reconheceu de imediato que do outro lado da linha estava o árbitro Françuar Fernandes da Silva, que queria saber se ele sabia de algo relacionado a um promotor que havia lhe ligado e também sobre supostas ligações e mensagens que estava recebendo. Adriano desconversou. Em certo momento, o promotor pegou o celular a fim de ouvir a voz de quem falava, constatando que se tratava da mesma voz que o atendeu minutos antes.
Encontro com outro árbitro em hotel complica Françuar
Após ter sido instaurado inquérito no STJD, um novo ofício foi enviado ao
presidente da Comissão Nacional de Arbitragem
da CBF, Sérgio Corrêa, agora feito pelo árbitro João Alberto Gomes Duarte, vinculado à Federação de Futebol do Rio Grande do Norte. Em documento assinado pelo árbitro e seus dois assistentes, ele afirma ter recebido um telefonema de alguém que se identificou como Françuar Fernandes, no dia 27 de outubro, véspera do jogo entre Vila Nova e Gama. No telefonema, Françuar disse que gostaria de falar com João Alberto, mas que não poderia ser por telefone. Em seguida, o árbitro recebeu duas mensagens, uma delas pedindo para ele ir ao quarto 705 do mesmo hotel em que estava hospedado.
Devido à inércia de João Alberto, Françuar interfonou para o quarto 606, onde estava o trio de arbitragem da partida Vila Nova x Gama. João Alberto afirma que pediu para seu assistente, Adnilson Costa Pinheiro, atender ao interfone, constatando que Françuar encontrava-se no quarto 705. Diante da negativa do árbitro do RN em ir ao 705, Françuar foi até o 606, onde conversou com o trio de arbitragem sem, no entanto,
mencionar o
jogo Vila Nova x Gama. De acordo com a denúncia da procuradoria, apesar de não ter sido cometida qualquer infração disciplinar por Françuar naquele momento, o ofício enviado pelo árbitro João Alberto confirma que o celular de onde partiu a mensagem oferecendo suborno a Adriano de Carvalho pertence ao denunciado, uma vez que o dono do telefone afirmou que estava no quarto 705, local onde estava hospedado Françuar.
Segunda vez no banco dos réus
Por tudo que foi descrito, Françuar Fernandes da Silva foi denunciado no artigo 241 (Dar ou prometer qualquer vantagem a árbitro ou auxiliar de arbitragem para que influa no resultado da partida, prova ou equivalente) do Código Brasileiro de Justiça Desportiva (CBJD), que prevê eliminação do esporte.
Esta não será a primeira vez de Françuar no banco dos réus do STJD. No último dia 24 de setembro, em decisão por maioria de votos, a Terceira Comissão Disciplinar o suspendeu por 60
dias por ter relatado de forma incorreta as
expulsões ocorridas na partida entre Holanda/AM e Remo/PA, pelo Campeonato Brasileiro da Série C. Porém, no dia 19 de novembro, perto de terminar de cumprir sua pena, Françuar acabou absolvido em Recurso no Pleno do STJD. Ele respondeu ao artigo 266 (Deixar de relatar as ocorrências disciplinares da partida, prova ou equivalente, ou fazê-lo de modo a impossibilitar ou dificultar a punição de infratores, deturpar os fatos ocorridos ou fazer constar fatos que não tenha presenciado) do CBJD, cuja pena é a suspensão de 60 a 360 dias.
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