| 10/12/2008 03h26min
O lance do Corinthians é a primeira grande notícia do fim de ano. Contratar o Ronaldo Fenômeno que treinava sem futuro no Flamengo, aguarda propostas e parecia um pouco desiludido com a falta de perspectiva (embora tenha cara redonda e sorridente de quem sempre está merecendo a atenção geral). Contratar o Ronaldo é a grande notícia.
O Juca Kfouri tem razão no seu Blog: ninguém está autorizado a perguntar quando ele vai jogar, basta que se anuncie que pode jogar. Estou chegando do MAM, no Rio, da festa dos melhores da CBF. Uma festa bonita, alongada com shows e num espaço apetecente – o Vivo Rio, lugar de eventos – com mesas, bebidas, garções, recepcionistas, gente bonita e entusiasmada, mas uma festa com um travo amargo na língua: a maioria dos jogadores premiados já estava contando tempo para sair do país.
Ronaldo no Corinthians é a inversão dessa tendência pacifista e resignada. É uma provocação, um estouro, uma notícia incompleta e fascinante. Ela vai gerar
continuadamente uma nova notícia.
Duvido que possa prevalecer a obviedade do noticiário a respeito do Mano Menezes, seus jogadores. Vai se acrescentar sempre Ronaldo Nazário e o universo que possa se pôr na mesa ou na sala.
Sem essa personalidade contraditória e alegre quase que Adriano conseguiu esse efeito luminoso no São Paulo. Também foi uma aposta, ajudou muito a imagem do time e do seu ataque. Mas não é a mesma coisa. Ambos chegam do lado escuro da profissão, se arrastam, permanecem sob suspeita.
Mas Ronaldo pode ser uma ruptura.
Mano Menezes, que deve ter sido consultado e aprovado a ousadia do marketing do Corinthians, tem uma consagração prévia como técnico: ele vai lidar com o maior desafio do futebol brasileiro. Nada será no campo com a camisa nove, que já está à venda em três versões, que não tenha passado antes pelos treinos e pelo vestiário.
Quais serão os verdadeiros sonhos de Ronaldo Fenômeno?
Voltar à
Seleção.
Ser o goleador do Brasileirão.
Receber elogios do presidente
Lula.
O aplauso insaciável da torcida corintiana.
Ser feliz.
Escolha uma delas e, seja qual for, nela está toda a realização pessoal de Ronaldo. Parece até fácil. Mas é toda a reconquista do passado sem joelho, sem gordura, sem drogas, sem cirurgias. Aos 32 anos se pode sempre recomeçar a vida. E até iniciá-la se não houvesse o passado de glórias e derrotas.
Os melhores
Conversei bastante com Wanderley Luxemburgo sobre dois zagueiros com os quais trabalha e tem na mais alta conta como organizadores do pensamento sobre o futebol, os times, as posições que ocupam no campo, a relação que mantêm com os rapazes apressados da imprensa, com a cobrança dos torcedores e com o mundo em geral. Um está no Inter, chama-se Álvaro, e trabalhou com ele antes de ir para a Europa. Deu a maior força para a minha idéia de sentar com ele e falar simplesmente sobre futebol. O outro é William, que foi do
Grêmio, e o Corinthians veio buscar abatendo uma dívida pesada e o tem
agora como capitão do time e primeiro jogador do Mano Menezes,
Esses jogadores é que são mesmo os mais importantes, o futebol se torna inteligível por eles.
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