– Ele tem futuro, mas é muito magrinho – advertiu, sem rodeios, o técnico Muricy Ramalho, do São Paulo, ao avalizar a vinda de Danilo Silva para o Beira-Rio, em julho. O recado foi a senha para o Inter submeter o zagueiro convertido em lateral-direito a meticuloso trabalho de correção de desequilíbrio muscular. Era preciso, em resumo, transformar em atleta um jogador de virtudes técnicas. Neste sábado, Danilo começa como titular, contra o Novo Hamburgo, às 16h.

Danilo, 1m87cm, pesava só 67 quilos quando o trabalho se iniciou, dia 25 de setembro. A primeira fase, de 10 dias, foi de adaptação. Em janeiro, como resultado das atividades fisiológicas e nutricionais comandadas pelo coordenador de preparação física Elio Carravetta, havia alcançado 73,5 quilos, um ganho de 6,5 quilos.

Danilo aumentou também os percentuais de massa muscular e gordura. Entre 6 de outubro e 6 de dezembro, passou cerca de duas horas por dia na sala de musculação. Nas sessões de treinamento, somados todos os exercícios, erguia o equivalente a quatro toneladas de peso por dia. Só saía da academia para treinos na caixa de areia. Sua única recompensa eram os períodos de repouso. Danilo teve de renunciar aos treinos com bola nesse período. Carravetta explica que com tantos exercícios o jogador estava vulnerável. Quando voltou na pré-temporada, parecia ter desaprendido.

– Ele apanhava da bola – entrega o médico e fisiologista Luiz Antônio Crescente, também envolvido no processo de crescimento de Danilo.

Quando passou a ser relacionado para os jogos, no Gauchão, Danilo precisou interromper o trabalho de ganho de massa muscular. Viveu o que os preparadores chamam de destreinamento e perdeu dois quilos e meio. Agora, aos poucos, ele retoma o trabalho especial. Só que não de forma tão intensa, por estar jogando.

Danilo ainda segue esguio e revela sua receita para encarar os zagueiros.

– Quando enfrento um brutamontes, trato de não deixá-lo encostar em busca de apoio. Procuro dar o tempo certo e roubar a bola – diz o magrelo do Beira-Rio.