| 30/04/2003 20h57min
Com a chegada das reformas ao Congresso Nacional, o governo iniciará a partir da próxima semana um difícil e longo processo de convencimento para garantir a aprovação das mudanças na Previdência e na estrutura tributária.
Em seu discurso na solenidade de entrega dos textos ao presidente da Câmara dos Deputados, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que, a partir de agora, os deputados e senadores são os "donos do jogo" para garantir a aprovação das propostas.
– A vocês cabe criar o espaço democrático para a sociedade dizer o que pensa das reformas e de vocês depende o resultado.
Lula fez um pedido a cada um dos deputados e senadores para que, ao votarem as reformas, dêem um voto que seja de confiança. O presidente reiterou o que disse ao tomar posse, que o seu governo, inicialmente, ia fazer o necessário; depois, o possível; "e, se Deus permitir, até o que parece impossível".
O primeiro obstáculo do governo será dobrar a sua própria base de sustentação, que discorda principalmente da taxação dos servidores públicos inativos. Esta tarefa será fundamental para que o Palácio do Planalto assegure o apoio dos partidos de oposição como PSDB e PFL e consiga ampla maioria dos votos.
– Nós não vamos ser massa de manobra do governo ou substitutivo de votos – avisou o líder do PSDB na Câmara, deputado Juthay Júnior (BA). – É fundamental que o governo primeiro acolha a sua base – completou.
– Espero que agora eles de fato façam as reformas. Enquanto eram oposição não quiseram. Essa pressa que o Lula pediu tem que cobrar da sua base – afirmou o líder do PFL no Senado, Agripino Maia (RN).
O desafio para fechar o acordo de aprovação das reformas está nas mãos do líder do governo na Casa, deputado Aldo Rebelo (PC do B-SP). À frente deste cargo, caberá a ele contornar os rebeldes e seduzir os oposicionistas.
Com ar tranqüilo de quem não estaria preocupado com os obstáculos que tem pela frente, Rebelo garante que o governo do PT terá êxito em seu objetivo, mas admite que haverá muita discussão e negociação para se chegar ao denominador comum.
– Se o problema é esse para a oposição votar a proposta do governo fico feliz porque contaremos com todos os votos da oposição – disse. – Além das divergências ideológicas e partidárias, temos identidade e preocupação com o país – ressaltou.
Já durante esta semana o governo concentrou forças em seu próprio partido. Deputados do PT foram enquadrados para votar unidos pelas reformas previdenciária e tributária. Depois da última rebeldia dos radicais petistas, o próprio presidente Lula entrou em campo para exigir fidelidade partidária.
Nos próximos dias, ele reunirá os partidos aliados – PL, PTB, PSB, PPS e PSB – para cobrar o compromisso firmado com o governo ainda durante a campanha eleitoral. A ameaça é demitir os ministros de partidos que não votarem com o Planalto.
Também estão previstos encontros com os oposicionistas. O presidente do PT, José Genoíno, e o ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, estão encarregados de conversar com os presidentes do PSDB, José Aníbal, PFL, Jorge Bornhausen, e do PMDB, Michel Temer, na tentativa de fechar um pacto para a tramitação das emendas constitucionais. Lula também conversará com a oposição. O primeiro encontro será com a bancada tucana na Câmara.
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