As forças norte-americanas obtiveram neste sábado, dia 10, um acordo com o principal grupo armado de oposição iraniana, o Mujahedin Khalq, que mantinha ligações com o regime de Saddam Hussein. O grupo reunirá seus combatentes e equipamentos em um acampamento sob controle da coalizão e dirigido pelos Estados Unidos no Iraque.

– Não se trata de uma rendição. É um acordo para desarmar a milícia. Acontece que [os mujahedines] perseguem os mesmos objetivos que os Estados Unidos, ou seja, criar uma democracia e combater a opressão – afirmou o comandante da quarta divisão de infantaria do exército dos EUA, general Ray Odierno.

Segundo o militar, entre 4 mil e 5 mil combatentes serão agrupados nos acampamentos e Washington se encarregará de definir o estatuto que corresponderá a tais militantes. As forças norte-americanas concluíram no mês passado um acordo de cessar-fogo com os mujahedines, que prevê o fim de qualquer ato hostil às unidades da coalizão e o recolhimento de armamento pesado.

No entanto, os membros do movimento foram autorizados, pelo menos até o momento, a ficar com suas armas leves para que possam se defender de um grupo xiita baseado no Irã e que opera na mesma região do Iraque. O exército do EUA teme que, se os mujahedines forem totalmente desarmados, a briga xiita Badr, braço armado da Assembléia Suprema da Revolução Islâmica no Iraque, aproveite o espaço para ampliar a influência no Irã nessa região.

O Mujahedin, de inspiração islâmico-marxista, participou na revolução iraniana de 1979 e foi posteriormente expulso do país. Teerã expressou sua indignação pelo acordo de cessar-fogo e acusou Washington de ambigüidade em sua vontade de combater o terrorismo.