| 03/07/2003 19h35min
O Senado aprovou na tarde desta quinta, dia 3, o pedido de abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar as sucessivas invasões de terra no país, promovidas pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).
O requerimento foi feito pelo senador Arthur Virgílio (PSDB-AM), e lido na sessão plenária desta quinta no Senado. Como o Congresso Nacional está trabalhando em regime de convocação extraordinária, devido ao recesso de julho, a comissão só poderá ser instalada em agosto e terá 11 integrantes e sete suplentes. Virgílio conseguiu recolher 38 assinaturas, inclusive de parlamentares da base governista, como do PMDB e do PDT. São necessárias 27 assinaturas para criar uma CPI no Senado.
O líder do governo no Congresso, senador Amir Lando (PMDB-RO), se manifestou contra a medida. Segundo ele, as reações ao movimento podem ser surpreendentes.
– O caminho é o do diálogo e foi aberto pelo presidente – disse.
Lando defendeu a atitude do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, bastante criticada pela oposição, de colocar um boné do MST durante encontro no Palácio do Planalto, na quarta, dia 2. Para o senador, Lula demonstrou a intenção do governo de manter um diálogo e realizar a reforma agrária. Os oposicionistas, por sua vez, considerarm o gesto de Lula com o boné do MST um dos fatores para a criação de uma CPI.
– O presidente já encenou o "Lula paz e amor", o presidente do MST, e agora tem que encenar o presidente sóbrio, que possa evitar o que é demasiado e que os gestos sejam comedidos e prudentes – disse Virgílio em seu discurso.
Em função da convocação extraordinária, o Palácio do Planalto tem mais espaço de manobra, já que novas CPIs não estão previstas na agenda deste mês. Na Câmara, o líder do PFL, José Carlos Aleluia (BA), já conseguiu cem assinaturas para o pedido de criação de uma outra CPI sobre o MST.
A data de criação da CPI coincidirá com as primeiras votações das reformas previdenciária e tributária na Câmara dos Deputados. Depois que forem apreciadas pelos deputados, as propostas vão para o Senado. Com a CPI instalada, o processo de tramitação das reformas pode perder velocidade. Atualmente, duas CPIs estão em funcionamento no Senado: a que investiga a exploração sexual de crianças e adolescentes e a do envio de recursos pela agência do Banestado.
Com informações da Reuters, agência Senado e Globo News.
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