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O ambiente de juros altos e queda do consumo frustrou as expectativas dos empresários industriais no início de julho, que agora se mostram menos otimistas em relação à economia do que há três meses, segundo uma sondagem da Confederação Nacional da Indústria (CNI) divulgada nesta terça, dia 22.
A pesquisa trimestral da CNI, realizada com 1.157 pequenas e médias empresas e 228 companhias de maior porte, revelou que mais empresas iniciaram o segundo semestre do ano com o sentimento de que a situação atual piorou em relação aos últimos seis meses, enquanto caiu o número de industriais que esperam uma melhora nos seis meses à frente.
– Esse resultado se deve à permanência de um quadro mais adverso durante o segundo trimestre, refletindo a manutenção de uma política monetária rígida. Isso contaminou as expectativas futuras em relação à economia – disse Flávio Castelo Branco, economista da CNI.
A pesquisa mostrou que, na comparação com abril, a percepção dos empresários sobre as condições atuais da economia brasileira caiu de 45,2 para 37,3 pontos em julho, à medida que a atividade econômica deu mais sinais de desaceleração. Uma leitura abaixo de 50 pontos mostra que as condições pioraram e, acima desse patamar, que melhoraram.
No caso das pequenas e médias empresas, o sentimento de piora da situação dos negócios nunca foi tão generalizado, de acordo com a CNI. O indicador medindo o sentimento em relação à situação da própria empresa caiu para 38,2 pontos, o menor valor já registrado desde o início da sondagem industrial em julho de 1998.
A deterioração da renda e do consumo depois de meses de juros elevados derrubou no segundo trimestre a produção da indústria. O nível de utilização da capacidade instalada caiu em média para 68%, patamar mais baixo desde o segundo trimestre de 1999, segundo a sondagem.
Quanto aos próximos seis meses, os empresários mostram-se menos otimistas do que em abril, embora ainda apostem numa melhora. O indicador em relação à expectativa da economia brasileira nos próximos seis meses caiu de 60,2 para 56,5. As perspectivas são mais desfavoráveis em relação ao emprego, com um maior contingente de empresas prevendo redução do número de funcionários. O indicador de expectativa quanto ao número de empregados caiu de 50 para 48,1 pontos.
Os empresários industriais também esperam contar menos com as exportações para melhorar sua performance. O índice que mede o sentimento em relação às vendas externas nos próximos seis meses caiu de 56,3 em abril para 54,1 em julho.
Segundo Castelo Branco, a sondagem indica que a recuperação econômica deve demorar mais e ser menos intensa, mesmo com a expectativa de uma queda de juros mais forte este mês.
– Ainda que tenhamos um corte mais agressivo nos juros, as condições deste trimestre já estão mais ou menos dadas. Além disso, o efeito dos juros demora para se refletir nas empresas e no consumo das famílias só deve ter algum impacto mais no final do ano – disse ele.
O Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) iniciou nesta terça sua reunião de dois dias para discutir a trajetória das taxas básicas de juros. A maioria dos analistas aposta que o Copom dará sequência à redução de juros iniciada em junho, mas o tamanho do corte será maior, de 1,5 ponto percentual. No mês passado, o comitê reduziu pela primeira vez em um ano a taxa em 0,5 ponto para 26%.
As informações são da agência Reuters.
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