| 06/08/2003 22h49min
O empresário Roberto Marinho, de 98 anos, presidente das Organizações Globo, morreu na noite desta quarta, dia 6, após ser internado em um hospital na zona sul do Rio de Janeiro. Ele sofreu um edema pulmonar na manhã desta quarta, em sua casa no Cosme Velho. Marinho foi levado ao hospital Samaritano e internado na Unidade de Terapia Intensiva.
Durante todo o dia, o quadro dele permaneceu grave, principalmente em função da sua idade. Os médicos tentaram dissolver o coágulo alojado no pulmão, mas sem sucesso. Às 21h30min, ele foi submetido a procedimento cirúrgico com o objetivo de retirar o coágulo, mas faleceu.
Ele será velado nesta quinta, dia 7, a partir das 9h, na sua residência, no Cosme Velho, no Rio de Janeiro. O enterro está marcado para as 16h, no cemitério São João Batista, no mausoléu da família Marinho.
Roberto Marinho deixa viúva, dona Lili Marinho, e três filhos, Roberto Irineu, João Roberto e José Roberto Marinho, além de netos e bisnetos. O presidente das Organizações Globo iniciou sua vida jornalística aos 20 anos, quando seu pai, o jornalista Irineu Marinho, morreu, 21 dias depois da fundação do jornal O Globo, em 1925.
A mãe insistiu para que ele, aos 20 anos, assumisse a direção do jornal. Mas Roberto não concordou. Preferiu trabalhar como contínuo, corretor de anúncios, copidesque, articulista, repórter e depois redator-chefe. Para a direção, indicou Euclides de Mattos, um profissional mais experiente. Somente seis anos depois, com 26 anos, Roberto assumiu o cargo, mesmo sem nunca ter cursado a faculdade de Jornalismo.
Nos anos seguintes, se dedicou à consolidação do Globo e à criação da Rádio Globo. Aos 60 de idade, fundou a TV Globo, que veio a ser a maior rede de televisão do país. A última aparição pública de Roberto Marinho foi no dia 29 de julho, quando participou da missa comemorativa aos 78 anos de fundação do seu jornal.
Doutor Roberto, como preferia ser chamado, costumava dizer que ser jornalista era mais importante do que empresário para seus negócios. Marinho era conhecido pelo seu senso de humor. Tinha tiradas rápidas e respostas surpreendentes. Quando em idade já avançada, sempre que lhe perguntavam sobre seu estado de saúde, na despedida ele não perdia a oportunidade de convidar o interlocutor para o seu aniversário de centenário. Falava da sua morte no condicional e criou um bordão que se tornou marca registrada, inciando frases dizendo "se um dia eu vier a faltar".
Na juventude, Marinho foi um desportista eclético, passando de boxe a corrida de carros, mergulho. Praticou equitação mesmo depois dos 40 anos. Já próximo aos 80 anos, aventurou-se em uma competição internacional de equitação. Caiu do cavalo, fraturou 11 costelas, sendo que uma lhe perfurou o pulmão. Não bebia nem freqüentava a noite carioca exageradamente, mas tinha o costume de dar festas em uma cobertura que possuía no bairro da Urca, onde recebia amigos e artistas.
Mesmo milionário, ele nunca perdeu a simplicidade e o gênio. Em casa, atendia o telefone dizendo, simplesmente, "Roberto". Em 1993, foi indicado por Austragésilo de Athayde como candidato à vaga da cadeira número 39 da Academia Brasileira de Letras, aberta pelo falecimento do também jornalista Otto Lara Resende, antigo colaborador de O Globo. Chegou a recusar dizendo que era jornalista, logo não era criador, mas voltou atrás.
A rede de comunicação deverá agora ficar sob a tutela de um dos três filhos do primeiro casamento com Stella Goulart – Roberto Irineu, responsável pela Rede Globo, João Roberto, que cuida do jornal, e José Roberto, o mais novo, responsável pelas rádios da família. Ele estava casado com a socialite Lily de Carvalho havia 13 anos.
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