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Divididos sobre a questão dos subsídios agrícolas, países pobres e ricos deram início nesta quarta, dia 10, em Cancún, no México, à reunião da Organização Mundial do Comércio (OMC). Qualquer avanço nas discussões de cinco dias sobre os rumos do comércio mundial será como uma injeção de vitamina para a enfraquecida economia mundial. O principal tema das negociações em Cancún será a agricultura, área em que os países parecem ter evoluído pouco desde a rodada de Doha, no Catar, em 2001.
Em Cancún, entretanto, as divergências podem levar governos a fazer acordos entre si, minando a força dos sistemas multilaterais de comércio sob os auspícios da OMC. O mundo, assim, poderia ser repartido em dois blocos.
– O fracasso não é uma opção. Isto transmitiria uma mensagem negativa sobre as chances de recuperação da economia global e resultaria em mais problemas para os trabalhadores, especialmente aqueles dos países pobres – diz o diplomata tailandês Supachai Panitchpakdi, diretor geral da OMC.
Supachai tem a difícil tarefa de conciliar os interesses conflitantes dos 146 membros da OMC. O objetivo dele é fazer que todos cheguem a um acordo sobre as medidas que abrirão ainda mais as portas para o livre comércio mundial. O prazo, imposto pelos próprios membros da OMC, expira no fim de 2004.
Para os países pobres, os estados ricos devem cumprir a promessa feita em Doha de cortar os subsídios agrícolas, que chegam a US$ 300 bilhões ao ano. Esse montante é seis vezes maior do que o que os riscos gastam em ajuda aos pobres.
Por causa dos subsídios e de altas tarifas de importação, os países pobres alegam ter dois problemas básicos. Em primeiro lugar, eles se sentem excluídos dos mercados de países ricos. Em segundo lugar, sentem-se passados para trás em seus próprios mercados, onde não se vêem em condições de competir. As maiores queixas recaem sobre os produtos pesadamente subsidiados vindos dos Estados Unidos e da União Européia.
– É de interesse de todos que os países ricos reduzam os subsídios e até eliminem as tarifas e os subsídios a sua agricultura – afirma Donald J. Johnston, secretário-geral da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).
A OCDE tem estatísticas mostrando que seus produtos agrícolas custam 30% mais caro que nos mercados mundiais.
– Permitir que os países em desenvolvimento expandam sua exportação de produtos agrícolas poderia tirar milhões de pessoas da pobreza – disse Johnston.
– A expansão do comércio mundial é essencial para a prosperidade global. Mas esse objetivo não poderá ser alcançado enquanto os países ricos privarem os pobres de um meio de vida, roubando-lhes os (potenciais) mercados para seus produtos – acredita o secretário-geral da OCDE.
Mas há algo de novo na atmosfera de Cancún, onde os países pobres parecem estar mais cientes do poder que têm dentro da OMC -- uma organização que funciona através do consenso. Naquela cidade mexicana, os pobres estão se aliando para arrancar concessões do mundo industrializado.
Nesta quarta, por exemplo, quatro produtores de algodão pretendem exigir o fim dos subsídios aos fazendeiros dos Estados Unidos. Segundo este grupo, que é formado por países do oeste africano, a ajuda aos produtores norte-americanos destrói a vida de milhões de concorrentes do outro lado do Atlântico.
Enquanto isso, um grupo de 21 nações em desenvolvimento coloca suas divergências de lado para exigir, numa frente unida, a eliminação de todos os subsídios agrícolas do países ricos.
As informações são da agência Reuters.
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