| 02/10/2003 16h29min
A confiança do consumidor brasileiro em relação à economia piorou no terceiro trimestre do ano em relação ao período anterior, de acordo com pesquisa divulgada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) nesta quinta, dia 2. O Índice Nacional de Expectativa do Consumidor (Inec) caiu 3,4% para uma média de 102,61 pontos nos últimos três meses em relação ao período de abril a junho. A CNI ponderou que apesar da queda o nível ainda é relativamente alto comparado a anos anteriores, e que a expectativa é de melhora.
– A persistência desse patamar mais elevado favorece a atividade econômica, mas a queda do último trimestre sugere que as medidas de estímulo ao crédito, incluindo o relaxamento da política monetária, aparentemente ainda não induziram o consumidor a comprar – disse a confederação em seu relatório.
Na comparação com o terceiro trimestre de 2002, quando o Inec estava em 97,43, a confiança aumentou 5,3%. O coordenador da Unidade de Política Econômica da CNI, Flávio Castelo Branco, afirmou que os números do Inec indicam que o Natal deste ano deverá ser melhor do que o do ano passado para a indústria, "mas não excepcional".
Além de promover uma série de cortes nas taxas básicas de juros, o governo adotou nos últimos meses medidas para incentivar o consumo, como a autorização para que bancos concedam empréstimos por meio de desconto em folha e o lançamento de uma linha de crédito para compra de eletrodomésticos. Castelo Branco argumentou que essas medidas ainda não foram percebidas pela população e frisou que, mesmo quando elas o forem, terão alcance limitado.
Segundo a CNI, a deterioração das expectativas do consumidor na comparação com o segundo trimestre pode ter sido provocada pela recente aceleração da inflação, causada por fatores sazonais, e pelo nível elevado de desemprego.
O Inec é apurado a partir de dados levantados pela pesquisa CNI/Ibope feita com 2 mil entrevistados maiores de 16 anos em todo o país e tem como base de comparação o mês de novembro de 1997. A sondagem, realizada trimestralmente, faz um levantamento do sentimento dos consumidores em relação a questões como emprego, renda e intenção de compra.
A queda das expectativas no último trimestre foi influenciada, principalmente, por uma piora nos indicadores de expectativa para o comportamento da inflação e do emprego. No levantamento de setembro, 43% dos entrevistados esperavam alta da inflação, contra 39% na pesquisa de junho. A participação dos entrevistados que esperavam aumento do desemprego passou de 44% para 50% no mesmo período.
O desemprego no país retornou, em agosto, ao patamar recorde de 13%, repetindo a taxa registrada em junho - maior desde o início da série do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de outubro de 2001.
As informações são da agência Reuters.
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