A decisão de não conceder o Prêmio Nobel da Paz ao papa João Paulo II decepcionou o Vaticano e muitos católicos, para os quais o pontífice merecia o prêmio e pode não viver tempo suficiente para ter outra chance. O Nobel foi dado à advogada iraniana de defesa dos direitos humanos Shirin Ebadi.

Ao longo de seus muitos anos de pontificado, João Paulo II, que tem 83 anos e sofre do mal de Parkinson, lançou milhares de apelos pela paz, pelo desarmamento e pelo perdão da dívida do Terceiro Mundo. Seus defensores achavam que este deveria ter sido seu ano porque na semana que vem ele completa 25 anos de pontificado, além de ter ajudado a promover a queda do comunismo em 1989, e ter se oposto à guerra no Iraque.

De acordo com a corretora de apostas australiana Centrebet, antes do anúncio do Nobel, o Papa era visto como favorito. Altos representantes do Vaticano se esforçaram para ocultar sua decepção. A reação deles pode ser resumida pelo comentário de um:

– Ele merecia o Nobel e teria sido bom se tivesse ganho, mas ele não precisa disso.

Na Polônia, o país natal do papa, o ex-presidente Lech Walesa, que ganhou o Nobel da Paz em 1983 por ter liderado o movimento anticomunista Solidariedade, falou em nome de muitos de seus compatriotas, dizendo à emissora de jornalismo TVN 24:

– Não tenho nada contra essa senhora, mas, se existe alguém vivo hoje que merecia o Nobel da Paz deste ano, esse alguém é o Santo Padre.

A opinião de Walesa, católico devoto para quem a democracia polonesa não teria sido possível sem a ajuda do papa, foi compartilhada por alguns dos fiéis na praça São Pedro.

– Sou grande fã do papa e acho que ele deveria ter ganho – disse o turista inglês John Richway. – Não conheço a advogada iraniana, mas estou decepcionado. Acho que o papa faz muito, não apenas pelos católicos mas por todo o mundo.

O poeta tcheco Czeslaw Milosz, Nobel de Literatura de 1980, disse que o Papa merecia o Nobel da Paz mas que talvez não o tenha recebido porque isso teria representado uma homenagem à Igreja Católica como um todo. Alguns observadores disseram acreditar que o papa pode ter sido preterido em função de suas posições relativas ao aborto, ao controle de natalidade e ao homossexualismo.

As informações são da agência Reuters.