Nesta semana, os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Néstor Kirchner, da Argentina, assinarão um documento denominado Consenso de Buenos Aires para tentar afinar as políticas entre os dois países e afastar as especulações sobre divergências entre si. O principal objetivo é mostrar que os países em desenvolvimento têm iniciativa própria em relação a uma série de questões internacionais. Apesar das inevitáveis comparações, o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Celso Amorim, disse que o acordo não quer ser um contraponto ao Consenso de Washington, doutrina defendida pelos EUA nos anos 80 e 90, que, segundo ele, está "mais do que ultrapassada".

Ainda em processo de elaboração, o documento deve sofrer algumas modificações até ser anunciado, durante a visita de Lula à Argentina, que começa na próxima quarta. A última versão do texto que vazou para a imprensa incluía 20 pontos, com destaque para as possibilidades de pagamento da dívida externa:

– Expressamos nossa firme vontade de cumprir com nossos compromissos internacionais relacionados à dívida externa, de forma que não limitem nem deteriorem as possibilidades de crescimento econômico, investimento e desenvolvimento social – diz o documento.

Lula e Kirchner também vão pregar o combate à pobreza, ao desemprego e ao analfabetismo. Com relação à Área de Livre Comércio das Américas (Alca), Brasil e Argentina vão reafirmar sua intenção de participar das negociações sempre a partir do Mercosul. Essa postura também vale para a Organização Mundial de Comércio (OMC). O documento também lembrará que a globalização gerou novas modalidades de concentração econômica.