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Israel matou 10 palestinos, dos quais pelo menos dois eram militantes, nesta segunda, dia 20, na Faixa de Gaza, nos bombardeios mais violentos em vários meses. No mesmo dia, o primeiro-ministro Ariel Sharon repetiu a ameaça de ''remover'' o presidente palestino, Yasser Arafat.
Quase cem pessoas ficaram feridas nos cinco bombardeios, feitos ao longo de 12 horas. Em um deles, já de noite, um foguete atingiu um grupo que estava no acostamento de uma estrada.
Os ataques foram uma reação a uma emboscada que matou três soldados israelenses na Cisjordânia e ao lançamento de um foguete a partir da Faixa de Gaza contra o sul de Israel, no domingo. O ciclo de violência prejudica ainda mais o plano de paz norte-americano para a região.
No bombardeio mais sangrento, médicos disseram que sete pessoas morreram e pelo menos 70 ficaram feridas. O alvo foi o campo de refugiados de Nusseirat, no centro da Faixa de Gaza. Um míssil disparado por um helicóptero atingiu um carro e outro caiu sobre um grupo que estava no acostamento. Houve protestos e ameaças de vingança, segundo testemunhas.
Horas antes, Israel havia feito três bombardeios em cinco horas sobre ou nos arredores da Cidade de Gaza, matando dois militantes e um transeunte e ferindo 23 pessoas. O quinto ataque aconteceu já no fim da noite (hora local) e feriu cinco pessoas na periferia da cidade.
A ofensiva foi também diplomática. Em discurso no Parlamento, Sharon se referiu a Arafat como "o maior obstáculo à paz".
– Portanto, Israel está determinado a conseguir sua remoção da arena política – afirmou ele, sob protestos de parlamentares árabes.
Mesmo assim, Sharon disse que continua comprometido com o plano de paz norte-americano e afirmou que nos próximos meses existe uma verdadeira possibilidade de acordo.
O negociador palestino no processo de paz, Saeb Erekat, disse que Sharon usou o discurso para prejudicar a negociação. O premiê palestino, Ahmed Qurie, afirmou que os bombardeios não vão colaborar com o fim do conflito.
Sharon não ofereceu novas alternativas e reiterou muitas das suas políticas radicais, inclusive a proposta de "remover" Arafat, que já havia sido aprovada no mês passado pelo gabinete. A comunidade internacional, inclusive os Estados Unidos, se opõe a essa medida.
Em entrevista a um jornal na semana passada, Sharon deu a entender que recuaria dessa ameaça para cumprir seu compromisso com Washington de preservar a integridade física de Arafat.
Estados Unidos e Israel acusam Arafat de incentivar a violência dos grupos separatistas, o que ele nega.
No mais violento dos ataques matinais, um míssil disparado por um helicóptero israelense atingiu uma mini-van em um semáforo da populosa Cidade de Gaza, fazendo os pedestres fugirem em pânico.
Dois militantes do Hamas morreram carbonizados dentro do veículo. Um deles foi identificado como Khaled Al Masri, um importante ativista do Hamas.
– Vamos vingar o teu sangue – disseram simpatizantes do grupo por alto-falantes, durante o funeral, enquanto seguidores gritavam que "não há alternativa aos atentados".
– Os sionistas logo vão se arrepender quando sentirem a nossa dolorosa resposta – bradavam eles.
Um homem de 35 anos que estava em um outro carro também foi morto no ataque. Nove pessoas ficaram feridas nesse incidente, segundo o hospital local.
Três horas antes, um avião israelense bombardeou um prédio vizinho à casa do líder do grupo Jihad Islâmica, Abdallah Al Shami.
– De repente ouvimos uma grande explosão, como um terremoto; tudo começou a cair em cima da gente – afirmou o vizinho Rawda Al Jamal, que correu para a rua levando nos braços seu filho de um ano, ferido. – As pessoas estavam gritando e correndo.
O Exército disse que o alvo do ataque não era Shami, e sim uma fábrica de armas do Hamas que funcionava por ali, e de onde os militantes teriam disparado, no domingo, os foguetes na direção do sul de Israel.
A atual onda de ataques israelenses é uma retaliação pelos recentes atentados. O último deles matou 21 pessoas em um restaurante de Haifa em 4 de outubro.
O Hamas e a Jihad Islâmica, que prometem destruir o Estado de Israel, emitiram um comunicado em Beirute dizendo que aceitavam fortalecer sua "cooperação bilateral" contra os israelenses.
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