Os recentes casos de febre aftosa no Reino Unido, onde já foram confirmados 104 focos e sacrificados 61 mil animais, estão provocando mais do que uma onda de temor na Europa. As conseqüências da doença, surgida logo depois de uma crise provocada pelo mal da vaca louca, devem interferir na política agrícola comum e no comércio mundial de carnes. Alguns reflexos já foram sentidos. O consumo nos países europeus caiu 27% em janeiro. No Brasil, o preço médio do quilo do couro bovino passou de R$ 1,63 no final de fevereiro para R$ 1,90 no início desta semana. Neste cenário, a produção brasileira pode ser beneficiada. O aumento das exportações brasileiras vai depender do tamanho do estrago e da retração do mercado europeu. Para evitar o contágio, os países da Europa reforçam as medidas de controle. Na França, por exemplo, já foram mortos mais de 50 mil animais como prevenção. A Grã-Bretanha não registrava a enfermidade havia 20 anos. Até esta quinta-feira, estava previsto o sacrifício total de 90 mil exemplares. No ano passado, casos semelhantes ocorreram no Japão – também uma ilha com rigoroso controle sanitário – onde foram detectados focos depois de 92 anos, e na Coréia do Sul, que havia registrado os últimos casos na década de 30. Especialistas acreditam que o próximo alvo do vírus pode ser os Estados Unidos, onde o último foco ocorreu em 1929. Depois de retomar a vacinação do rebanho em cinco províncias, mesmo não reconhecendo a existência de febre aftosa, o governo argentino poderá anunciar nos próximos dias a detecção do primeiro caso da doença. A informação é do presidente da Sociedade Rural Argentina, Enrique Crotto, que participou nesta quinta-feira, em Porto Alegre, da reunião da Federação das Associações da Agricultura do Mercosul (Farm). Segundo o dirigente, os técnicos do Serviço Nacional de Sanidade e Qualidade Agroalimentar da Argentina (Senasa) estão percorrendo diversas regiões, investigando denúncias da doença em propriedades rurais.