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 | 03/12/2003 21h10min

Na Síria, Lula critica ocupação de territórios palestinos

Presidente defendeu reforma da ONU e do Conselho de Segurança

Depois de apresentar o Brasil à Síria como porta do que virá a ser uma "zona de livre comércio continental", o presidente Luiz Inácio Lula da Silva se aprofundou na delicada questão da paz no Oriente Médio. Em jantar oferecido pelo presidente sírio em Damasco, capital da Síria, Lula criticou a ocupação de territórios palestinos, a manutenção e a expansão de assentamentos israelenses, que taxou de "inaceitáveis". Apoiou iniciativa árabe da paz, que, segundo ele, oferece alternativas convergentes para um estado palestino independente.

– O direito de um povo exercer soberania sobre seu território é inalienável. Por isso, o Brasil está votando nas Nações Unidas em favor da resolução que exige a devolução à Síria das Colinas de Golã – disse o presidente em discurso durante o jantar no Palácio Damasceno, demonstrando apoio a uma velha demanda dos sírios. As Colinas de Golã estão atualmente sob o controle de Israel.

As posições defendidas pelo presidente brasileiro em relação ao Oriente Médio não são propriamente novidade, mas se revestem de significado especial ao serem reafirmadas com ênfase durante a visita à Síria, no momento em que os olhos da comunidade internacional se voltam aos passos de Lula. O presidente também lembrou também a convivência pacífica, "de forma harmônica e produtiva", entre árabes e judeus no Brasil.

Lula lamentou a guerra no Iraque e cobrou maior envolvimento da Organização das Nações Unidas (ONU) e Estados árabes no esforço de reconstrução daquele país.

O Brasil está há menos de um mês de assumir uma cadeira temporária no Conselho de Segurança da ONU. O presidente brasileiro defendeu, inclusive, a reforma das Nações Unidas, especialmente do Conselho de Segurança, contando com representantes de países em desenvolvimento entre os seus membros permanentes.

– Somente, assim, terá a legitimidade indispensável para que as suas ações sejam efetivamente respeitadas – disse. No entanto, salientou que o Brasil quer uma vaga no Conselho mesmo que não tenha direito a poder de veto.

O assessor especial da Presidência da Republica para Assuntos Internacionais, Marco Aurélio Garcia, ressaltou que a Síria foi "muito simpática" ao pleito do Brasil de assumir posto permanente no Conselho de Segurança. Por último, o presidente brasileiro reforçou as ligações culturais entre os povos da Síria e do Brasil.

– Minha visita retraça a viagem que muitos sírios fizeram em direção ao Brasil, em busca de novas perspectivas de vida – completou.

Os dois presidentes tiveram jantar de gala no Palácio Damasceno, usado pelo governo sírio para oferecer festas e recepções a convidados. Os jornalistas não tiveram acesso ao jantar, mas receberam cópias dos discursos preparados para a ocasião. Ao final de seu pronunciamento, o presidente Lula passou por um constrangimento, segundo relato dos fotógrafos que registravam o evento.

O presidente brasileiro encerrou o discurso com um convite para um brinde "à felicidade do presidente Bashar al-Assad", mas nem o líder sírio nem qualquer integrante do grupo árabe se moveu. O gesto, principalmente se registrado pelas câmaras, poderia ser mal interpretado por árabes mais tradicionalistas, por ser relacionado a bebidas alcoólicas, que são proibidas pela religião muçulmana.

A Síria foi o primeiro dos cinco países árabes que Lula visitou em sua viagem ao Oriente Médio. Ele irá ainda a Líbano, Emirados Árabes, Egito e Líbia. Nesta quinta, dia 4, Lula cumpre agenda em Beirute, capital do Líbano, onde chega às 16h. Ele terá um encontro privado com o presidente do país, Émile Laoud, no Palácio Presidencial Baabda. À noite, participará de jantar oferecido pelo presidente libanês. Com informações da Agência Brasil e Agência Reuters.

 
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