A iraniana Shirin Ebadi tornou-se nesta quarta, dia 10, a primeira muçulmana a receber um Prêmio Nobel da Paz e aproveitou a oportunidade para enviar uma mensagem pacifista ao Ocidente, acusando-o de se esconder por trás dos ataques de 11 de setembro para violar os direitos humanos.

A advogada Ebadi, premiada por sua luta na defesa dos direitos da mulher e das crianças no Irã, recebeu o prêmio do chefe da Comissão Norueguesa do Nobel, Ole Danbolt Mjoes, em uma cerimônia luxuosa realizada na Prefeitura de Oslo. Ebadi criticou o governo dos Estados Unidos, a quem acusou de ter dois pesos e duas medidas, ignorando as resoluções da Organização das Nações Unidas (ONU) para o Oriente Médio, mas usando-as para declarar a guerra contra o Iraque.

A platéia contou com a presença de famosos, entre os quais o casal de atores Michael Douglas e Catherine Zeta-Jones.

– Nos últimos dois anos, alguns países violaram os princípios universais e as leis de direitos humanos usando o 11 de setembro e a guerra contra o terrorismo internacional como pretexto. Leis de restrição aos direitos humanos e às liberdades básicas foram justificadas e ganharam legitimidade sob a capa da guerra contra o terrorismo – afirmou a advogada em seu discurso.

Sem usar véu nos cabelos, a advogada de 56 anos, recebeu o prêmio de US$ 1,4 milhão e atacou também a manutenção de prisioneiros, pelos EUA, na base militar da baía de Guantánamo, em Cuba, sem acusá-los formalmente e sem permitir que entrem em contato com advogados.

Segundo Ebadi, os prisioneiros não contavam com "os benefícios dos direitos estipulados pelas convenções de Genebra, a Declaração Universal dos Direitos Humanos e a Convenção Internacional de Direitos Civis e Políticos". A vencedora do Nobel afirmou ser preocupante o fato de os direitos humanos estarem sendo violados pelos mesmos países que primeiro estipularam esses princípios.

As informações são da agência Reuters.